domingo, 20 de junho de 2010

Sobre Medo

São 02:23 de sábado para domingo. E eu estou me sentindo um pouco sozinha.

Tento não colocar aqui textos muito sérios ou muito "filosóficos" a respeito da vida, porque eu me acho um saco quando fico assim. Então tento retratar as coisas de um modo engraçado. Mas hoje não teve jeito.

Mais cedo, lá pra umas dez da noite, eu estava sentada no sofá da sala, no meio das minhas duas cachorrinhas, que dormiam tranquilas e confortavelmente no edredon que a minha mãe deixa lá pra elas, quando comecei a pensar na minha vida.

Tive uma experiência faz um tempo que me deixou lembranças não muito boas, chego a dizer que me causou um certo trauma. Vou explicar resumidamente para ninguém ficar voando no assunto.

Eu, com 26 anos, comecei a namorar um garoto, com 22 anos, e pouco tempo depois (tipo uns seis meses) eu estava praticamente morando na casa dele (dos pais dele).

Dai que eu me formei e falei pra ele que eu queria alugar uma casa pra mim, pra eu morar sozinha, porque a gente brigava de mais por ele ser muito ciuemento e eu estava vendo a hora do namoro terminar e eu ter que ficar la morando na casa dos pais dele, dormindo no quarto dele e sem namorar com ele. Então, o mais racional seria eu já ter o meu lugar. Dai ele armou uma cena! Falou que se eu fosse morar em outro lugar que ele iria junto e se ele não fosse nosso namoro acabaria (hoje eu sei que o melhor que eu tinha a fazer era mandar um "Então valewssss" e cair fora, mas infelizmente na época meu cérebro estava travado!).

Dai fui falar com a mãe e com o pai (que Deus o tenha) dele, e eles acharam um absurdo eu alugar casa, falaram que isso seria gastar dinheiro a toa. E eu expliquei que ficar lá era inviável porque a gente estava brigando muito e que se terminássemos o namoro ia ficar uma situação insustentável. Então a mãe dele falou que era pra nos mudarmos pro ap da tia dele que estava vazio (ela mudou de estado por conta da transferência do marido).

Eu, pra não ter mais que suportar brigas com ele, acabei indo pra esse apartamento. Moramos lá por um ano, quando de repente deu um siricutico na mãe dele de comprar outro apartamento e dar o que ela morava pra ele.

Eu, que já estava morando com ele, acabei indo sem questionar nada. Um mês depois de nos mudarmos ele perdeu o emprego.

Eu saia pra trabalhar as sete da manhã e voltava pra casa as vezes as oito da noite e de vez em quando ainda levava serviço pra fazer em casa. O chique da situação é que quando eu chegava em casa ele estava jogando video game com um amigo dele. Os dois tranquilos e espalhados no meio da sala. E eu? Trabalhando.

Ele, por conta do ciúme que sentia, fez com que eu me afastasse dos meus amigos (que a maioria era composta por homens), me fez parar de falar do jeito que eu sempre falava, controlava meu celular, minhas mensagens, meus emails (É, eu, num ato de total abstinência de inteligência dei a senha do meu email pra ele com a esperança de diminuir a quantidade de brigas, mas isso só fez aumentar mais). Me fez ser uma pessoa que eu não era: contida, fechada, calada. Eu sempre fui descontraída, simpátida, expansiva... Era uma pessoa feliz.

Por seis meses ele não procurou emprego porque tinha o seguro desemprego (como se alguém conseguisse viver com aquela "fortuna"), mas também, pra que se preocupar com grana se eu estava trabalhando de dia e de noite pra dar conta das despesas?

E além de não ser homem o suficiente para assumir as responsabilidades que uma vida sem pai e mãe requer de qualquer pessoa, ele queria me controlar. Agora veja só se tem condição uma coisa dessa? Não me sustenta e ainda me controla? Daí num dá né?

Eu sei que eu fui ficando infeliz de uma tal forma que comecei a ficar deprimida. Eu chegava e ficava olhando para o céu (o céu do interior de SP é ótimo, tem muitas estrelas e não tem a camada cinza que não some nunca), chorava e pensava: “Eu me esforcei tanto nessa vida, pra que? Pra ter isso? Eu não mereço isso!”.
E eu sempre fui o tipo de gente que não tem vocação pra ser infeliz. É, porque tem gente que tem! Aquela pessoa chatinha que vive reclamando de tudo e de todos e que é capaz de ficar deprimida por ter ganho na loteria porque vai ter que pagar imposto sobre a grana. Sabe aquela pessoa que só vê o lado ruim de tudo? Então, eu não sou assim não.

Nessa época eu conversava muito com as minhas cachorras (louca? Pode ser que sim), evidente que elas não me respondiam mas a companhia delas foi importante pra mim na época. Eu não podia conversar com outras pessoas porque eu era basicamente “rastreada”, não podia falar com a minha mãe porque ela foi contra quando eu fui morar com ele. Então o que me restava eram as duas. Minhas lindas e fofas salsichinhas.

As pessoas começaram a me falar que eu estava casada com ele, começaram a me dar presente de “casamento” e dai eu pirei! Eu não tinha escolhido aquilo, não tinha planejado aquilo, eu não queria aquilo com ele, eu não queria aquilo pra mim daquele jeito. Então eu sai correndo daquilo tudo, terminei com ele e retomei a minha vida. Foi libertador o dia que ele reclamou por eu estar saindo pra ir na casa de uma amiga e eu falei com toda boca e com todo som “VOCÊ NÃO MANDA EM MIMMMMMM!” (é, rolava uns barracos porque eu não estava mais no controle da minhas atitudes).
E eu menti pra vocês, falei que seria um breve resumo e o resumo ficou enorme. Mas eu estou falando tudo isso por um motivo, estava eu lá, sentada (na cena inicial do post) e pensando em como descobrir que as coisas vão dar errado antes de elas darem efetivamente errado.

Descobri ali que eu tenho medo de dar errado! A convivência é difícil, a vida a dois é difícil, ver a outra pessoa fazendo coisas que você acha errado e ela não acha é difícil, deixar passar algumas coisas é difícil, não ser outra pessoa por causa de ninguém é difícil.

Eu sei que eu permiti ele fazer tudo isso comigo. Se eu tivesse me respeitado desde o começo do relacionamento isso não seria assim. Mas eu errei quando achei que se eu cedesse sempre as brigas iriam acabar. Mas elas não acabaram. E por isso eu tenho medo.

Porque além de ser difícil ceder, é mais difícil ainda saber o limite até onde ceder. E daí que eu tenho medo que a outra pessoa não veja que eu cheguei no meu limite e que queria que eu ceda mais. E daí vão começar as brigas. E daí eu não vou agüentar.

Hoje foi o dia de pensar em coisas que podem dar errado. Porque as coisas que podem ser boas já estão sendo. Elas são fáceis de ver e de imaginar. Ainda mais quando a pessoa que está junto tenha as características que sempre foram citadas como fundamentais.

Eu tenho medo de dar errado!
Não que isso vá me matar, mas eu não quero mais ter os meus sonhos desfeitos, alias, eu não quero mais desistir dos meus sonhos.

Desculpe pra quem chegou até essa parte do texto, hoje foi tudo muito chato, eu estou melancólica, medrosa, angustiada e meio sozinha. Mas escrever sempre me fez bem e hoje não foi diferente. Agora vou dormir porque amanhã eu preciso estudar. Boa noite! (03:04)

3 comentários:

  1. "Mas eu estou falando tudo isso por um motivo, estava eu lá, sentada (na cena inicial do post) e pensando em como descobrir que as coisas vão dar errado antes de elas darem efetivamente errado."

    Nossa to espantada aqui esse trecho tirou as palavras da minha boca e o mais incrivel é que eu estava "filosofando" ontem sobre isso... coisas que acontecem e que poderiam ter sido evitadas, porem se aconteceram deve ter alguma razão. Eu penso sempre "E SE..." tudo fosse diferente, e se eu não tivesse passado por aquela rua e evitaria de ter cruzado com aquela pessoa...
    Como descobrir que vai dar tudo errado antes de dar errado?

    Medo de dar errado , medo de falhar de não ser suficiente... enfim ainda bem que esses medos podem ser construtivos ... e fazer como vc diz ver o lado bom das coisas ruins ;)

    beijoks

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  2. Tenho muitas coisas pra falar sobre seu texto, mas as palavras simplesmente sumiram quando cheguei ao final.

    O mais interessante é que você hoje é uma pessoa muito melhor (pelo que percebi), e que são coisas assim que nos moldam, e nos mudam.

    As vezes demora muito pra entendermos o por que de tudo que acontece, mas sempre chega um dia que você percebe que foi o 'melhor', sempre é.

    paciência, isso basta.

    escreve mto bem, parabéns. Beijos

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  3. Garota , fiquei com receio por ti...

    Está com medo de na felicidade que vc vive hoje esteja embutido algo de escuridão???

    Ou começa a antever que não pode dar certo???

    Torcendo pra vc sempre!!!!

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Ah, fala vai...