terça-feira, 1 de maio de 2012

Sobre não gostar de gente

Dai que eu resolvi fazer uma (ou um... nem sei qual é o genero dessa palavra, que não é palavra e sim uma sigla, vou adotar "uma". Se alguém sou ber o certo, por favor me fale) MBA. Pelo menos dizem que é isso. Mas pode ser uma especialização. Também não me incomodo.

É, porque eu não aguento mais ficar sem assitir aula e fazer prova. Minha vida toda eu fiz isso, ano após ano, curso após curso. E de repente, to aqui, só indo à praia ou à piscina (porque agora no condomínio do ap novo tem piscina), comendo tapioca e cuzcuz e jogando tênis. Assim não têm condições. Ah sim, trabalhando também (em um emprego que meu chefe lembra de mim umas duas vezes por mês, quando muito).

Fui lá. Peguei o carnê que mais parece um carnê de financiamento de carro (já que ele é grosso, com 24 folhinhas com quase meio milhar de reais pra eu pagar) e comecei a assistir as aulas.

E é lógico que não poderia ser diferente: Trabalho em grupo. Gente que eu não conheço e o pior, gente que trabalha comigo. Porque eu gosto de fazer as coisas do meu jeito e não é porque eu seja chata ou implicante, mas é que eu sei que do meu jeito funciona. Sempre funcionou.

Nove pessoas no grupo. O trabalho era gigante, mas se todo mundo trabalhasse, ia dar tudo certo. Percebi que se eu não começasse a dividir os serviços, ninguém ia fazer nada. Email pra lá e pra cá com o trabalho dividido e rezando pra cada um fazer a sua parte. Mas é lógico que isso não aconteceu. É lógico que só eu fiz as coisas que eram pra ser feitas. Fiquei só olhando o tempo passar e esperando alguém começar a reclamar de que não ia dar tempo de  fazer tudo.

É lógico que não dá tempo de fazer se você não parar e não sentar a sua bunda gorda na cadeira e começar a fazer. Que raiva que eu sinto quando tem gente se se acha muito esperto e quer fazer os outros de idiota. Engenheira Sapata é a primeira a reclamar que tava com muita coisa pra fazer, marcamos reunião de grupo e eu já sai falando: "Tem três semanas que eu to fazendo a minha parte, você já começou a fazer a sua?". Estratégia funcionou beleza, ninguém tentou sequer me passar mais nada pra fazer (e se tentasse ia ficar sem a cabeça, porque eu ia arrancá-la).

O tempo foi passando e chegou a hora de apresentar o trabalho. Lógico que os mais folgados deixaram pra lá e quem tinha interesse mesmo foi atrás. Trabalho terminado e apresentado. E eu me fiz uma promessa: "Não faço mais trabalho com a engª Sapata e nem com o folgado do irmão dela" (que nem se deu ao trabalho de aparecer na apresentação). Porque eu não quero me estressar. E decidi que vou falar isso diretamente pra quem me perguntar, principalmente se forem os dois. Porque não tem nada melhor na vida do que você falar exatamente o que você tem que falar pra quem tem que ouvir. Assim não tem leva e traz e as frases não mudam de tamanho. A frase é exatamente do tamanho que ela tem que ser.

Junto com a saudade das aulas eu acabei esquecendo o que vinha junto: Gente.

E lidar com gente é uma desgraça. É uma merda! E eu odeio gente. Porque eu não sou psicologa pra ficar tratando de problemas dos outros. Porque eu não sou burro de carga pra ficar carregando ninguém nas costas e principalmente porque eu não sou idiota pra deixar os outros ficarem se achando muito espertos.

E lembrando da frase de um velho amigo: "Mal de malandro é achar que todo mundo é mané".

Será que tem algum curso por ai que eu possa formar uma turma de um aluno só? Porque, eu juro, tem horas eu me basto!

#malhumorada

Sob o sol da Chapada

Pois é, eu sobrevivi. Mas quase que eu morro! Cheguei a ver a luz no fim do túnel... aliás, eu vi o túnel, essa foi a minha salvação, porque lá tinha sombra.
Dai que eu e o noivo resolvemos ir pra Chapada Diamantina fazer trilhas para ver cachoeiras. Porque afinal, agora eu sou uma pessoa Adventure (depois de voar de asa delta da pedra da Gávea, mas isso eu conto outro dia).
Véspera de feriado, busão semi-leito lotado, 23h.
Começou o deslocamento de Deus me Livre para onde Judas perdeu as botas. Calorzão do nordeste, eu de calça fina e regata. Ar condicionado do ônibus a 28ºC abaixo de zero. Frio. Congelando. E assim foi a noite toda. Eu me batendo de frio e o rezando pra que aquelas 9 horas passarem um pouco mais rápido, tipo em umas 3 horas.
Escurece, clareia e enfim chegamos. Eu, já com aquelas mini-estalactites de gelo penduradas na ponta do nariz, fiquei incontavelmente feliz quando pude descer do ônibus e sentir os raios de sol no meu couro congelado.
Pousada, troca de roupa, trilha. Sem café da manhã nem nada. Ainda bem que eu tinha feito um pão recheado e tinha levado.
Sol. Muito sol. Fogo que caia do céu na minha cabeça. Quarenta minutos de trilha no meio de um mato que não servia pra fazer sombra. O povo no meio do caminho fazendo a mesma pergunta um pro outro: "Será que vai valer a pena essa caminhada toda?". Mas como era a primeira trilha, a gente tinha acabado de chegar, estava todo mundo otimista. Cachoeira do mosquito. Deve ser linda. O Puma, nosso suposto guia(que mais tarde descobriríamos que era guia mas que não era o nosso, porque estava de férias...e então resolveu descansar no lugar onde ele sempre trabalha... vai entender, né...), dizia que era maravilhosa.
Sobe barranco, desce barranco. Cuidado! Tem pedra solta no caminho. Agarra nos troncos das árvores, vai ser arrastando. Pedriscos entre a meia o tênis. Sede. Água quente na mochila. Era o que tínhamos.
De repente, um barulho de água e uns gritos. Os primeiros da fila chegaram na cachoeira! Graças ao bom Deus, porque eu achei que num ia conseguir chegar.
Cachoeira do mosquito. Tá, mas..., cadê a água? Parede de pedra, alta, uma quedinha de água sem vergonha que não fazia em uma poça razoável embaixo pra pessoa poder submergir o corpo suado e cansado da caminhada.
Podia muito bem ter visto a imagem por foto mesmo.
Nem precisava ter andado tanto debaixo do sol de 557º pra admirar a beleza da quedinha de água.
Nuca molhada, pés lavados, segue a caminhada de volta.
Sol subindo a temperatura pra 792º, porque já era mais de tarde, sol dos trópicos. O caminho parece que ficou maior. Quem foi que esticou isso aqui?
A cara já tava parecendo um tomate. Trinta e duas camadas de protetor solar. Água que já não tava mais quente, mas sim entrando em estado gasoso. Noivo incentivando "Go! Go! Go!". Ir pra onde, meu amigo? Daqui, acho que só consigo mesmo é ir para o além!
Parada debaixo de uma árvore ralinha. O ar que não chegava até o pulmão. O suor que já estava ficando grosso porque no corpo não tinha mais água. Os oásis que começavam a aparecer nas minhas alucinações, feito desenho animado.
O bom era saber que eu não morreria ali, jogada, sozinha, porque haviam outros seres brancos e sedentários que estavam a beira da morte feito eu. E começaram os comentários: "Amanhã eu não vou não..." e conforme a caminhada prosseguia as frases começavam a ficar mais agressivas: "Mas num vou mesmo amanhã!"... "Que? Amanhã? Nem a pau!!"... "Amanhã? Quanto tempo???? Ce tá louco!!! Num vou não"......  "AMANHÃÃÃ???? Não mesmo!!!! Quero ver quem me arrasta!!!!"
Enfim, depois de passar pelo limbo, consegui chegar ao céu. O final da trilha era um restaurante, onde estava esperando por nós, sobreviventes, um almoço do tipo feito em casa, com macarrão, arroz, feijão, salada de legumes, salada de folhas, frango ao molho, bife acebolado, suco de manga e goiaba e um sofa para sentarmos. Juro que achei que era uma das minhas alucinações, mas graças à Deus não era.
Sentei, comi, olhei pro noivo e falei: "Amanhã não vai ter condições. Eu vou morrer lá".
O bom do noivo é que ele leva tudo na esportiva e estava mesmo querendo ir no dia seguinte, mesmo que isso custasse minha vida. Afinal, a gente estava ali era pra ser Adventure né.
Voltamos pra pousada. Agradeci muito à Deus pelo resto de fôlego que ainda me restava, deitei na rede e de lá só me levantei pra ir pra cama, dormir.
E então, eis que chega o amanhã. E sabe o que era pra fazer no amanhã?
Trilha de TRÊS HORAS para a ver a cachoeira do sossego. Sei... Sossego... Ce vai? Porque EU NUM VOU NEM FODENDO!!! E pra quem for, que tenha uma boa morte! Obrigado!

Cachoeira do Mosquito - Chapada Diamantina/BA
E agora que você já viu a foto que eu tirei, não precisa mais ir até lá.