quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

SOBRE AS 40 SEMANAS



Daí que a cabeça da gente já começa a ficar bagunçada por causa da contagem do tempo de gravidez.
A vida inteira você escuta que a gravidez dura 9 meses (dos seres humanos, tá! Não de elefantes), dai o médico começa a falar com você de semanas. Então um certo dia você vai lá conferir a quantidade de semanas com a quantidade de meses e, obviamente, não bate (afinal, um mês não tem só 4 semanas). E come a confusão. Porque quem já engravidou fala em semanas, quem nunca, fala em meses. E você tem que ficar fazendo as duas contagens.

- O primeiro trimestre: você emagrece! Quer perder uns quilinhos? Engravide! Quando chega lá pela 8ª semana você começa a salivar à toa, seu estômago parece que vai ficar do avesso. Se você tossir, você vomita. Falam sobre grávidas terem desejos... o desejo que eu tinha era que meu estômago parasse de me odiar.


Nessa fase tudo era expectativa (menos o enjoo, que era real), a gente quer saber o sexo do bebê, a gene quer sentir logo o bebê mexendo (depois que os chutes nas costelas começam você repensa essa ansiedade), mas você não sabe nada e não sente nada, além das náuseas.

- O segundo trimestre: sexo feminino. Mexidas do bebê parecem um peido andando dentro da sua barriga, mas em lugares diferentes do comum. Tudo bem vai, minha amiga, que é mais meiga, descreveu este evento como "coceguinha na barriga". Peido!


Os enjôos sumiram e chegou a fome. Mas você não pode comer tudo o que der na telha porque tem que pensar no bebê e blá, blá, blá... Então você vai encher a cara de alface, espinafre, água, couve, suco de furas, água, abobrinha, chuchu, água, frango grelhado, melão, água, laranja, banana e muita água.
Ah! Você queria afundar sua fuça num bolo todo recheado de chocolate? Esquece! Você queria mergulhar numa panela de feijoada gordurosa e deliciosa? Esquece! Tanto porque o seu estômago já não tem mais o espaço que ele tinha antes, vamos dizer que ele está sendo despejado para que o útero possa ocupar seu lugar.
Bom, dai de bônus eu ganhei uma hemorroida inflamada. Não sei porquê, mas me deu uma super caganeira em um certo dia (acho que comi uma lesma) e dai minha hemorroida se rebelou.
O peso que o bebê faz no seu corpo ajuda a fazer o seu rescófi virar do avesso e surgem as hemorroidas. Isso aí somado a um trabalho que te faça ficar sentada o tempo todo, somado a comida que não caia bem, faz de você aquela pessoa que vai trabalhar e leva consigo aquela almofadinha com um furo no meio para poder sentar sem apertar a dita cuja. Virei a moça da almofadinha!

- O terceiro trimestre: Sabe aquela lei que fala que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo? Então, colega Newton não era mulher e, evidentemente, não sabia que isso era possível SIM! Aliás, não são apenas 2 corpos que ocupam o mesmo lugar, é o seu estômago, sua bexiga, seus pulmões, entre outras coisas que eu nem sei que tenho dentro de mim, que estão todos juntos ocupando o mesmo espaço enquanto seu útero já toma conta de todo o resto do seu tronco.
Você curte dormir? Então leve um travesseiro para o banheiro e durma por lá. Sentada na privada! A cada meia hora você vai querer fazer xixi, durante a noite, durante o dia, durante a reunião de trabalho, durante o filme no cinema...


Sua popoquinnha (nome dado ao órgão sexual feminino pelo pediatra da minha filha que eu, meigamente, resolvi adotar), cadê? Não sei. Você não a entra mais. Ela foi abduzida por uma barriga imensa que agora separa você dela. Eu só sabia que ela ainda estava lá por causa do espelho. Abençoado seja!
Respirar também é um luxo.Seus pulmões não têm espaço para expandir (lógico, ele está lá, contrariando Newton).
E aquele pequeno inquilino que habita seu interior começa a achar ruim o espaço que tem, então ele resolve agir como um integrante do black block e distribui socos e pontapés nas paredes que, tão gentilmente, o acolhe. Seu intestino, sua bexiga, seus pulmões... todos agredidos gratuitamente. E as costelas? Ah...! As costelas!!! Essas são especialmente chutadas. E dói! E os chutes são, preferencialmente, a noite. Pra quê dormir?
A essas alturas você fica doida pro bebê nascer porque você não aguenta mais. Dai vem alguém e fala "quando nascer você vai preferir que ele ainda estivesse na sua barriga", e você pensa "que nada, não tem como piorar!".

E aqui eu deixo uma frase de um professor de história que eu tive no Cursinho da Poli:
As coisas sempre podem piorar, você é que não tem criatividade!
E como isso é verdade........!

sábado, 20 de fevereiro de 2016

SOBRE ENGRAVIDAR

Dai que PAHH! Eu engravidei!


Mas antes que você pense "Eita, engravidou!" Como quem quer dizer "Afff, com tanta informação que tem hoje em dia e essas meninas ainda engravidam! Ela vai ver, ela que vai sofrer, porue é a mulher que aguenta, homem não tá nem ai!", já vou explicar:

1) Não sou menina... já estou com meus 35 e meio;

2) Foi tudo milimetricamente planejado;

3) É, ai você tem razão, sobra quase tudo pra mulher mesmo!

Então vamos aos fatos (senta que lá vem a história...):
Era um lindo outubro, uma bela noite em que eu e o marido estávamos de bom humor e felizes da vida, com nosso apartamento comprado, com nosso carro quitado, nós dois com nossos empregos públicos... Foi então que olhei pra ele e falei "vai?" e ele respondeu "vai!".

Pronto! Engravidei! Assim de primeira!

Nós já tínhamos conversado antes, lógico, muitas vezes. Eu queria esperar o máximo possível para engravida porque sabia que minha vida não seria mais minha e eu tinha muita falta de disposição de deixar de ser a pessoa mais importante da minha vida.

Mas... a idade foi andando, aliás, correndo! E quando dei por mim já estava com 34. E eu sabia que precisava engravidar no máximo aos 35 porque depois disso as chances de ter uma gravidez de risco aumentaria. Pelo menos é isso que a gente escuta e lê por ai.

Nunca engravidei sem querer. Nunca! Já abusei da sorte, confesso! Mas ainda bem que ela nunca me abandonou.

Meus pais são separados e eu sempre soube que minha mãe se ralou a vida inteira para me criar, portanto, se um dia eu fosse engravidar teria que ser sob certas condições:

1º - Ter passado num concurso público (porque eu sei bem o que é depender de patrão e nunca fui afim de ficar me phodendo a vida toda dependendo dos outros);

2º - Ser casada. Porque eu queria ter certeza que o casamento não seria só por causa de uma gravidez;

3º - Ter minha casa. Só pelo fato de não precisar me mudar correndo caso o dono do imóvel alugado peça pra eu sair, e

4º - Ter aproveitado o máximo possível minha vida independente.

Daí que com tudo no esquema, engravidei.

Então, depois de duas semanas do dia do "vai", fui ao Obstetra e ele fez um ultrassom: "É, que você está grávida, está! Mas volte daqui duas semanas porque está muito no comecinho".O primeiro pensamento que veio na cabeça foi "Nossa! tem uma criança dentro de mim!" e um gelo na barriga.

Sai dali e mandei uma mensagem para a pessoa responsável por aquilo, minha psicóloga (valeu Ilka!). Era ela que me fazia não surtar e me ajudava a ir pra frente. Ir para a próxima fase da vida.

Uma semana depois, numa quinta feira, às 5h da manhã, senti uma pontada na barriga e comecei a sangrar.

Lá se ia o meu friozinho na barriga corpo a fora. Perdi o nenê.

O médico disse que isso era bem normal e que acontecia com aproximadamente 20% das mulheres.

Novembro, Dezembro, Janeiro... Fevereiro! Momento de tentar de novo e PAHH! Engravidei de novo.

Dessa vez resolvi esperar um pouco mais para dar a notícia para os amigos, porque é meio estranho você falar "Olha, to grávida" e depois de uma semana, quando alguém vem te dar parabéns, você ter que falar "É...perdi o nenê". Num é nem por nada, porque sinceramente, não deu tempo de cair a ficha, mas a cara que a pessoa faz quando percebe que deu um fora é muito constrangedora. E dai ao invés de você ser consolada, você precisa consolar a pessoa que acha que te magoou com os parabéns fora de hora.

E dai que deu tudo certo e hoje eu já estou com a baixinha no colo.

Ela foi a principal culpada por eu não escrever no blog esse tempo todo (e a culpada secundária foi minha preguiça), mas eu pretendo agora contar aqui como foi o período da gravidez, o parto e o 1º mês de vida dela.

E eu PRE-CI-SO fazer isso para poder lembrar, em detalhes, cada uma das agruras (que não foram poucas) para o caso de passar, nem que seja bem ao longe, na minha cabeça, a ideia de ter outro filho.