sábado, 3 de abril de 2010
Sobre o limite
Dai que eu morei sozinha por dez anos e agora eu estou de volta na casa da minha mãe.
Antes de vir eu juro que achei que seria uma boa idéia. Do fundo do meu coração eu achei que seria. Mas eu estava tão errada, mas tão errada que se arrependimento matasse eu tava caida e dura aqui.
Desde o dia que eu cheguei que as coisas começaram a ficar ruins. Primeiro foi a reclamação dela de eu não ter falado pra ela antes de comprar as passagens pra Deus me livre que eu iria viajar.
Uma semana depois foi a reclamação, aliás, reclamação não, chilique dela por eu ter saido a noite e ter ficado até de madrugada com uns amigos (que a propósito ela conhece há uns 20 anos).
Uma semana depois foi o surto falando que eu iria gastar muito dinheiro viajando pra Deus me livre (e nesse momento eu preciso contar que eu trabalho das 8:00 as 18:00 de segunda a sexta, saindo de casa as 6:30 e chegando as 19:30 por causa do transito, sem sair a noite, sem comer fora, sem ir no cinema, apenas estudando pra tentar passar num concurso público).
Uma semana depois briga por que a porta da cozinha começou a despencar e é logico que é culpa minha por não ter arrumado antes e em seguida acusação porque eu não queria comprar um colchão novo (Tá, eu explico: Não trouxe minha mudança pra casa ainda. Ela perguntou se quando trouxesse o meu colchão se o furo que tem no meio dele - que minhas cachorrinhas fizeram o favor de criar - ia ficar aparecendo. É lógico que ia, afinal o colchão não se regenerou desde as últimas dentadas. Dai ela já começou a falar que eu tenho que comprar um colchão novo porque ela vai morrer de vergonha porque os vizinhos vão ver isso, que onde já se viu uma engenheira dormir num colchão com buraco, que é pra eu comprar um colchão novo e parcelar em dez vezes que ia ficar baratinho. Dai fui eu falar que não queria comprar e que eu não tenho nada que ver com as coisas que vizinhos falam, que danem-se eles porque ninguém vem aqui em casa querer pagar minhas contas, mas que eu iria cobrir o colchão e que ninguem ia ver a p#rr@ do furo, mas mesmo assim não adiantou).
E além de tudo eu tenho que ficar escutando que esses estão sendo os piores dias da vida dela, que ela está pegando ódio, que ela tem aguentado muita coisa que eu tenho feito pra ela, que ela tem vontade de morrer, que eu sou igualzinho meu pai (explicando de novo: Ele arrumou outra mulher uns 17 anos atrás e foi embora. E nunca nem ligou pra perguntar se a gente estava viva. É, super papai esse, mas enfim, eu aprendi que cada um tem seus motivos e juro que hoje eu posso imaginar uma parte do motivo pelo qual meu pai foi embora), que eu sou uma vagabunda (f#d@ escutar isso da mãe né? Pois é, eu escuto toda vez que ela fica brava. Eu suspeito que ela desconta em mim as coisas que meu pai fez pra ela), que eu só dou desgosto pra ela (dai eu preciso contar mais uma coisa: Estudei a vida toda em escola pública, não paguei pra fazer cursinho, estudei pra c@aralh# pra entrar numa faculdade pública, nunca roubei um centavo da bolsa dela, nunca me envolvi com drogas, nunca bati o meu carro, nunca engravidei, nunca fui parar numa delegacia, nunca briguei na rua e no momento eu não consigo lembrar de mais nada que eu pudesse ter feito para dar desgosto pra ela. A única coisa que eu fiz foi viver a minha vida sem ligar pro que as pessoas falam, porque elas não pagam as minhas contas e sinceramente quem sabe o que é melhor pra mim sou eu e não o vizinho. Ah sim, e eu namorei! E foi exatamente esse o meu erro. Acho que de resto ela não tem do que reclamar então ela resolveu reclamar disso. Porque eu não tive só um namorado na minha vida e não casei virgem como ela (aliás, eu não casei, sou solteira). Mas eu sempre levei a sério. Eu quero alguém para estar comigo, pra dividir minha vida, pra ter filhos e construir uma família. Mas como eu não fiz isso com o primeiro cara que eu namorei, então eu sou vagabunda! Entendeu?)
Eu estou no meu limite. E eu percebi isso porque minha cabeça dói, porque eu fico tensa cada vez que a gente começa a conversar alguma coisa, porque eu tento me controlar pra não responder quando ela fala alguma coisa absurda mas não estou conseguindo mais, porque eu tenho vontade de ficar dentro do meu quarto e não sair dele por nada, porque eu estou tendo desgosto de ter que sobreviver aos finais de semana, porque eu fico mais tranquila quando eu passo minhas duas horas e meia no transito do que quando eu estou em casa.
E olha que eu não sou do tipo de gente que fica reclamando de tudo, não sou do tipo de gente que acha que a vida é uma merda total e completa nem nada, mas eu não estou conseguindo mais. Tá estressante, tá irritante, tá dolorido, tá cansativo, tá DE-SES-PE-RA-DOR morar com a minha mãe. Porque eu não entendo porque ela reclama tanto, porque eu não sei o que fazer pra agradar ela, porque ela quer que eu abdique da minha vida assim como ela fez por mim e pela mãe dela. Só que eu não vou fazer isso porque eu não vou cobrar isso de um filho meu! Não vou mesmo!
Eu sempre corri atrás de realizar os meus sonhos e os meus objetivos porque a vida é MINHA! Se eu não fizer isso vou querer realizar essas coisas na vida de outra pessoa e isso é errado! Eu não quero obrigar meu filho a fazer o que eu quero porque a vida vai ser DELE e não minha.
Eu quero poder sentar e conversar direito com um filho meu e não usar o sistema "eu mando e você obedece porque eu sou a sua mãe". Isso não tá certo, isso não é bom e eu sei disso porque eu estou do outro lado. Isso só afasta o filho da própria mãe. Isso só faz com que o filho minta porque não tem coragem de falar as coisas pra mãe porque com certeza vai levar bronca sem nem ao menos poder explicar suas razões.
Esse post tá um saco, eu sei! Peço desculpa pra você, que pacientemente chegou ao fim desse texto, mas hoje eu precisava muito desabafar porque eu estou no meu LIMITE!
Eu quero muito voltar a morar sozinha, eu quero muit passar num concurso pra poder ter motivo pra mudar daqui sem que ninguem fale que eu abandonei minha mãe, eu quero muito ter minha vida de volta, eu quero muito ter a minha paz de espírito de volta!
E hoje, apesar do meu salário dobrado em relação ao anterior, eu entendo a frase "porque tem coisas que não tem preço"...
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Eu sei que você precisa conversar. E você sabe que pode ir em casa quando quiser. De dia, no fim de semana, inclusive. E se eu ver anúncio de aluguel de apto lá no meu prédio, te aviso. Porque é isso que eu acho que vc tem que fazer.
ResponderExcluirBeijo.
Oi Menina sem conserto. Caramba que coisa hein?! Muitas coisas que escreveu eu te entendo em NGG, passei por coisas iguaizinhas, parecia que vc estava escrevendo sobre mim.
ResponderExcluirÉ melhor vc fazer o que a Renata comenta.Foi o que eu fiz 2 anos atrás quando de mala e cuia literalmente me mudei de São Paulo para o Rio de Janeiro sem conhecer ninguém...vim só com o trabalho...
Boa sorte e beijocas
Poxa, sei bem o que é isso... minha mãe tá viúva há anos e de lá pra cá vive perseguindo e atormentando todos aqui em casa.
ResponderExcluirPor que tem mães assim, que o invés de procurarem resolver suas frustrações acabam jogando nos outros ?
Beijos e boa sorte para nós !
Minha nega branca, como eu queria q a gente morasse na mesma cidade. Óbvio que moraríamos juntas!!!!
ResponderExcluirBeijão
Eu sei bemmmm como é isso. Depois que me separei, voltei pra casa da família e pra piorar, sofri uma cidente de moto, o que me faz ficar em casa o tempo todo.
ResponderExcluirNão vejo a hora de tudo se rsolver e eu vazar daqui tb.
Beijooo
Pra mim foi mais engraçado, pois fui recebida de volta , apos ter me separado e com duas filhas, com um surpreso "seja bem vinda", so estou querendo saber onde, pois faz quase um ano que tenho que escutar coisas que so Deus duvida, para aliviar e as pessoas ficarem de "boa", acabo sendo a cinderela da vida real,o principe eu ja tenho so me falta o sapatinho de cristal ... Sorte para nós !!!!
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