segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sobre celular


Eu não me lembro mais ao certo como era a minha vida antes do celular.

Na antiguidade (quando eu tinha os meus 8 anos) ter telefone em casa era uma coisa complicada. Tinha que pagar uma fortuna por ele e depois esperar uns dois ou três anos até instalarem o dito cujo na casa da gente. Foi assim lá em casa (e na sua também deve ter sido. A não ser que você seja da "geração pokemon", dai não foi assim pra você).

Depois vieram os malditos celulares. E eu ganhei o meu primeiro poucos meses depois de ter entrado na faculdade, que era longe de casa, então foi o meio que acharam de me monitorar. Confesso que adorei! A maioria do pessoal da facu tinha. Tenho também.

Era meu filho! Eu olhava pra ele a cada 10 minutos pra ver se alguém tinha me ligado, mas ninguém ligava porque naquela época a gente falava "alô" e já eram cinco reais a menos nos créditos (que eu não vencia comprar e não existiam os atuais "bônus", que pra falar a verdade as vezes não funcionam), levava pendurado no passante da calça (e ele era grande e quadrado e horrível), quando começava a piscar a luzinha da bateria já me dava desespero porque eu iria ficar incomunicável e como pode isso? E se alguém quiser falar comigo? Neurose!

Roubaram! Comprei outro!

Caiu na sopa e queimou tudo que tinha dentro porque eu tentei ligar ele na tomada logo depois do banho. Comprei outro!

Roubaram de novo! Desisti!

Cancei de comprar celular. Comecei a achar a vida sem ele mais saudável mentalmente. Eu não ficava mais desesperada, preocupada se alguém tinha me ligado ou não, se eu tinha esquecido em algum lugar ou não, se estava carregado ou não. Fora que eu estaria onde eu quisesse estar (ou não) porque ninguém mais ficava me controlando. Dai começaram os protestos contra meu novo estilo de vida. Mãe, namorado, amigos. Todos reclamando que não conseguiam falar comigo quando precisavam. Eles não entendiam que era justamente esse o motivo de eu não querer mais ter celular.

Me venceram. Depois de um semestre na "idade da pedra", comprei outro! E desde então vivo na companhia dele. Não daquele específico que eu comprei, porque quebrou, eu perdi, joguei fora, comprei mais novo... essas coisas que pessoas que têm celular estão sujeitas. Mas não deixei mais de ter um celular comigo.

Aprendi a viver com ele. Talvez a idade tenha me ensinado que as vezes é preciso desligar pra não incomodar os outros, as vezes é preciso esquecer que ele existe para não incomodar a si próprio e as vezes é preciso até mesmo atender as chamadas.

Confesso que ainda hoje fico um pouco tensa quando vejo chamadas não atendidas (Tá, tudo bem, vou contar! Ontem o Carinha ligou e eu não vi que ele tinha ligado. A hora que eu vi já era muito tarde pra ligar pra ele de volta e agora eu não sei o que ele queria falar comigo. E eu já mandei mensagem mas ele não respondeu. Odeio não ver quando ele liga), mas posso dizer que não preciso fazer terapia porque não ouvi o celular (faço porque não sei o que ele queria falar comigo). É tudo uma questão de controlar a loucura. Facinho!

Se não fosse por ele eu estaria algumas centenas de reais mais pobre porque mamãe não tem noção do que falar e do que não falar ao telefone (prioridades) e graças aos bônus e promoções e afins, ela fala fala fala e eu não gasto meu salário todo para pagar a conta do telefone no final do mês. Graças a ele eu falo com o Carinha lá em Deus me livre e não pago interurbano (porque segundo um amigo nosso, quanto maior o DDD mais cara fica a ligação... cada um tem sua lógica né... e quem sou eu pra contrariar), não fosse por ele eu não poderia receber as ligações das entrevistas que eu fiz e mudar de emprego sem meu chefe ficar sabendo antes, graças a ele eu posso mandar mensagens pras pessoas e saber a que horas elas receberam a mensagem (e depois descobrir quem mente pra mim falando que não recebeu... compre um celular que tenha relatório de envio de mansagem, ele é útil)...

E enfim eu posso controlar os outros (e tudo volta ao início).

3 comentários:

  1. oi moça, faz tempo q não entro. muitos problemas na vida pessoal. sobre os meus textos... é realmente a minha vida, tal qual e como ela acontece... fazer o q né?

    ahhh. tbm desisti d comprar... kkkkkk

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  2. ah celular... que 'droga' bendita! Viciei e sofro graves crises de abstinência quando estou na Ilha do Mel ou no meio do mato onde os 'palitinhos' de sinal teimam em sumir...

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  3. Bem, vou confessar que não sou a melhor amiga do meu celular. Aliás, me dá até gastura quando ele toca. E eu só atendo quem eu quero. De vez em quando, no meio de um papo ruim eu até falo: - Alô, alô, aqui, não tô te escutando! Ahn??? Xii e desligo. Básico, né? Sem contar que o meu parece uma praga: só toca quando estou no trânsito, ou atendendo um cliente, ou tomando banho ou com alguma coisa no fogo. Bem, mas é um mal necessário...
    Beijos!

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Ah, fala vai...