segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Sobre Aeroporto
Dai que ontem eu fui no aeroporto.
Aeroporto é um lugar interessante, a gente pode observar várias reações. Tem aquelas pessoas que estão indo viajar a trabaho e levam só a pasta do notebook e uma malinha pequena. Tem gente que chega com um monte de mala e com cara de mal humor (provavelmente por ter que carregar aquilo tudo sozinho) e vai direto pra fila do check-in. Tem gente que chega em comboio, todo mundo feliz e contente, com muitas malas e travesseiros, muita falação (as viagens de galera) e uma alegria só. Tem gente que chega com a família, dai é uma abraça-daqui-abraça-dali, a mãe com cara de "meu filhinho tá indo embora", o pai com cara de "esse muleque ta me dando despesa de mais", a irmã com cara de "eu vou viajar pra lá pra conhecer os amigos novos do meu irmão". Tem gente que chega pra buscar quem ta chegando e fica amontoado com outros tantos na porta do desembarque como se a pessoa não pudesse andar dois metros sem ver que tem alguém ali esperando por ela (e tem uns que até ficam dando tchauzinho assim que enxergam o "chegante" saindo da pista). Tem gente que chega pra buscar alguém e fica andando de um lado pra outro e reclamando que o avião não chega logo. Tem gente que vai comer e esquece de pegar quem chegou... Em aeroporto tem de tudo. E é interessante observar.
Mas quero falar de um tipo de gente em especial. O tipo de gente que vai levar alguém pro aeroporto pra se despedir. O processo todo começa dias antes, a despedida na verdade começa a partir do instante que se fica sabendo da partida de alguém. Dai tudo vira despedida. É a última vez que andam no mercado, é a última vez que vão naquele restaurante, é a última sexta feira que vão passar juntos, é a última transa, a última festa, o último passeio... tem milhares de últimas coisas que acontecem desde o início da despedida. E aquele friozinho na barriga vai aumentando proporcionalmente com a quantidade de últimas coisas que vão sendo feitas.
Até que chega o último dia. Quem vai, geralmente não sente tanto porque está indo pra um lugar novo, conhecer gente nova, fazer coisas novas. Quem fica é que fica com tudo velho, todos os lugares que passou junto com quem já não está mais por perto, e são lugarer que estão no cotidiano daquele que ficou, então, dia após dia as lembranças estarão ali do lado, andando na calçada, comendo na cadeira vazia ao lado no restaurante que era frequentado, na sala de aula que já não estará mais completa.
Quem fica, sofre! Mesmo que não queira, mesmo que tente esquecer, mesmo que diga que não, mesmo que se faça de desinteressado. Quem fica, sofre! E muito. E não tem o que fazer.
Bom, voltando. A última ida ao aeroporto. No caminho, sem que a outra pessoa perceba, tem o último carinho, o último beijinho no carro, a última olhada naquele lugar. E até ai a pessoa que fica ainda consegue se controlar, o problema fica grande mesmo quando chega no aeroporto. Ali é o lugar da despedida, o último lugar onde as pessoas vão se ver (não que a outra vá morrer saindo dali ou que a própria vai perder a vida assim que a primeira se for) mas é, oficialmente, o último lugar. O que representa o fim de uma história ou de um ciclo ou de um sonho ou de uma esperança, o fim de uma etapa, isso pra quem fica. Porque pra quem vai representa o inicio e não o fim de tudo isso. Por isso dói mais pra um e menos pro outro.
Quem chega "bem" no aeroporto para se despedir não sai de lá do jeito que entrou. Por mais que as lágrimas sejam contidas e que a imagem seja de tranquilidade, todo coração sai dali partido de uma forma ou de outra.
Lógico que não estou falando de tudo isso a toa. Eu sou o tipo de gente que se despede, eu sou o tipo de gente que sai do aeroporto com o coração quebradinho em milhares de pedaços e eu NÃO sou do tipo de gente que segura as lágrimas. Chorei, chorei sim! Muito! De faltar o ar e dar aperto no coração. O último abraço, o último beijo, sentir pela última vez o calor do corpo da outra pessoa e o seu perfume, ver a pessoa desaparecendo ali naquela porta de embarque é muito triste. E nesse momento que escrevo sinto uma parte dessa dor que senti no aeroporto.
É, eu fiquei. Ele foi. Mas o mundo continua girando e a vida vai atropelando quem pára no meio do caminho, então mesmo chorando e sentindo e chorando de novo preciso ir andando em frente. E é isso que cada um acaba fazendo. Porque simplesmente têm coisas que não dependem da gente e se a vida quis assim, que o aeroporto fosse minha última lembrança, assim será.
Conheci uma pessoa que me fez aprender a gostar muito dela. Uma pessoa admirável, que se dispôs a me ajudar e o fez com muita paciência e gentileza, que me conquistou com o seu jeitinho calmo e divertido, que conversando me fez enxergar que as possibilidades que a gente tem na vida são tantas que as vezes não compensa insistir em algo que sabemos que não terá muita recompensa, me incentivou (e incentiva) e dividiu comigo o seu sucesso (e eu fiquei muito feliz por ele, porque sinto muito prazer em ver as pessoas que eu gosto felizes e se dando bem), me mostrou que não precisa ser estressado e desesperado pra conseguir as coisa, que tem que pensar positivo, que eu tenho que acreditar em mim.
E agora essa pessoinha que eu gosto tanto está sendo tirada do meu convívio por motivos maiores (e diga-se de passagem, muito bons motivos!!!) mas deixou sua marca no meu caminho e por isso eu vou levá-la pra sempre no meu coração. E sei que daqui alguns anos eu ainda vou lembrar e vou ter por Ele o mesmo carinho que eu tenho hoje.
Existem algumas pessoas que são especiais e nos fazem ter uma dorzinha apertada no peito por estarem longe mas também uma incrível alegria porque um dia estiveram por perto e se fizeram destacar entre as demais.
"Meu Preto, muito boa sorte com a sua nova vida, sorte com as pessoas que cruzarem o seu caminho, sorte no trabalho, sorte pra sempre!!! Sua passagem pela minha vida não foi a toa e eu gostei muito de tudo o que a gente viveu. Você sempre sempre sempre estará guardadinho no meu coração e eu, mesmo de longe, sempre sempre sempre vou estar torcendo muito por você! Te adoro muito! Beijo da sua Branquinha"
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Ah, fala vai...