Ser mãe nunca esteve no Top Five da minha lista de sonhos.
Entrar numa universidade foda estava! Me formar em engenharia estava! Me tornar uma profissional competente estava!
Mas estava na minha lista de coisas a fazer antes de morrer!
Nunca fantasiei muito em torno da maternidade, nem tive muito contato com grávidas ou recém nascidos. Então não sabia ao certo como era tudo isso.
E eu não sei o porquê, mas ninguém fala o lado ruim desse processo todo de se tornar mãe. Pelo menos não em detalhes. Não sei se é porque as mulheres têm medo de serem julgadas, não sei se é porque ninguém acha que tudo isso é sofrimento... mas o que eu sei é que eu resolvi falar.
Tenho amigas muito parecidas comigo, e quando eu começava a contar da gravidez sem o usual romantismo com que as pessoas tratam o assunto, elas me falavam que nunca tinham visto ninguém ser tão sincera.
Por isso resolvi escrever sobre minha gravidez e sobre todas as dificuldades e sentimentos ruins que tive até as coisas se estabilizarem. Porque tudo isso não é um conto de fadas. É um processo muito difícil, onde você passa por muitas mudanças físicas e muito mais mudanças psicológicas.
As pessoas têm o péssimo hábito de dar palpite em tudo! De cobrar o que nem da conta delas é! E a gente fica frágil, cheia de hormônios, sem dormir direito. E tem também os limites do nosso corpo. Não é fácil passar por todas as mudanças, não é fácil impor suas decisões para tantas pessoas que acham que também têm o direito de mandar na sua vida e na vida do seu filho. E isso vem de todas as partes!
MASSSS... que bom que sempre tem um "mas"... isso não invalida as coisas boas que acompanham as ruins! É que as coisas boas estão sempre em destaque, não precisando de explicações maiores.
Não ter chorado a primeira vez que percebi a Manu mexendo dentro de mim, não ter achado ela a bebezinha mais linda do universo enquanto ela ainda estava cheia de vérnix caseoso, não ter tido um momento "fotografia" a primeira vez que amamentei ela, entre outras coisas, não faz de mim uma mãe ruim e não faz de mim uma mãe que não ama sua filha.
O processo é longo e a conexão entre você e seu filho vai acontecendo com o tempo, você vai descobrindo ele e ele vai descobrindo você. Você vai aprendendo a ser mãe, vai aprendendo que tem coisas que, incrivelmente, seu filho só gosta de fazer com você... e tudo vai se encaixando e vai melhorando.
Portanto não se sinta culpada por nada, não se sinta mal por não ser aquela mãe estampada no cartaz de amamentação, linda e feliz, sem olheiras e com escova. Você, mesmo descabelada e sem escovar os dentes, é muito mais real, é muito mais mãe de verdade do que aquela lá do cartaz.
E depois que tudo se ajeitar (lá pro terceiro ou quarto mês depois do parto), dai sim você vai estar mais tranquila e mais confiante, com sua cesárea cicatrizada (pra quem fez), recebendo os sorrisos do seu filho só pra você e vai ver que você é a melhor mãe que seu filho poderia ter!
Eu sou! Manu agradece!
Eu não tenho conserto
Passeando pela vida...
quarta-feira, 1 de junho de 2016
terça-feira, 31 de maio de 2016
SOBRE AMAMENTAR
Sumi! Voltei rapidinho e quero aproveitar o tempo antes que eu tenha que sumir de novo, então... vamos lá!
Dai que Manu nasceu, dai que Manu precisava comer.
Eu lá, deitada, rasgada, sem sentir minhas pernas, chega a enfermeira com a Manu:
- Mãezinha, vai amamentar agora?
Por um breve momento eu fiquei pensando em como eu iria fazer aquilo. Barriga inchada e dolorida, não ia dar pra apoiar a Manu nela. Pernas sem movimento e uma sonda enfiada na uretra, não ia dar pra sentar. Olhei pra enfermeira, olhei pra Manu, olhei pro marido, olhei prum lado, olhei pro outro... Talvez eu tenha feito uma cara de desespero porque a enfermeira falou:
- Se quiser pode amamentar depois. Ela tem uma reserva de 12 horas, mas até a meia noite você precisa amamentar!
Certo! Certo! Até a meia noite eu devo ter minhas pernas de volta. Pelo menos isso já devia ajudar no processo. Acho que de todo o processo de parir o que mais me incomodou foi ficar sem sentir minhas pernas. Essa sensação de não ter controle sobre uma parte do seu corpo é horrível. A segunda pior coisa foi a sonda. De resto, nada que movimentos lentos e cuidadosos não resolvessem.
As horas foram passando, a anestesia foi sumindo, e minha vida começou a ficar um pouco menos pior.
Lá pras sete da noite chegou outra enfermeira no quarto:
- Vamos tomar banho?
Na hora eu pensei "Pra quê? Eu nem suei! Deixa assim mesmo.. eu não quero levantar da cama com esse SACO DE XIXI PENDURADO EM MIM!"
Um segundo depois chega outra enfermeira:
- Mãezinha, vamos amamentar?
Meu Deus! Socorro! Vamos por partes... já que eu vou ter que sentar com esse cano enfiado na minha uretra de qualquer jeito, que pelo menos eu esteja limpa... Vou tomar banho primeiro e depois eu amamento.
Banho tomado (falo dele outra hora), fui até o sofazinho, sentei sem fazer força (tente fazer isso em casa) e peguei a Manu para o tão esperado momento! Vamos ver como é esse negócio de amamentar que todo mundo fala. Deve ser tranquilo porque as fotos que a gente vê por ai são todas tão lindas, o nenê tranquilinho olhando pra mãe, a mãe sorrindo olhando pro nenê... agora é minha vez.
Manu no colo, peito pra fora, enfermeira apertando (Uiiii, que dor!) meu peito pra ver se tava saindo alguma coisa... Tchuf! Manu no peito. Deu umas mastigadinhas e depois dormiu. UIA! Que fácil! =)
O cartaz estava certo! Pena que ela não olhou pra mim que nem o nenê do cartaz, mas tudo bem, acho que depois ela olha.
Enfermeira mandou amamentar de três em três horas no máximo, então todo mundo alerta com o horário. Mas a Manu reclamava antes.
Pari na segunda, sai do hospital na quarta. Manu mamando e esfregando a gengivinha dela no bico do meu peito de uma em uma hora. Bico do peito começou a achar ruim essa fricção toda. Começou a arder um pouco... começou a arder mais... começou a arder muito!
Sexta feira de manhã, acordo com meu peito parecendo uma pedra! Todo inchado, duro, dolorido e pingando um líquido amarelo! Mandei zap pra vizinha enfermeira "To com os peitos inchados e duros! O que é isso?"... Vizinha responde "Seu leite desceu e deve ter empedrado! Chego já ai!".
Aquela foi a sexta feira mais dolorida de toda a minha vida! Vizinha enfermeira foi fazer massagem nas mamas pra desempedrar o leite. A dor era muita.. mas muita.. mas muita mesmo!!! Ela apertava de lá, apertava de cá, tentava tirar o leite (que era grosso e gordurento), apertava mais.. eu ia na lua e voltava.. ali acho que tive uma experiência extra corpórea, porque minha alma deixou meu corpo lá e foi embora de tanta dor que eu sentia.
Massagem feita, vizinha foi embora e eu cai no choro. Deu vontade de não ter mais leite, de não amementar nunca mais, de sair correndo, de me enfiar num buraco sozinha e ficar ali pra sempre.
Morri de medo de ter que fazer aquela massagem do inferno outra vez, então resolvi eu mesma ficar fazendo massagem assim que eu percebesse que o leite estava enchendo o peito.
Manu mamava e eu morria de dor no bico do peito. O peito enchia e eu morria de dor no peito todo. Uma amiga falou que um dia tudo isso seria extremamente prazeroso. Juro que não via como isso ia acontecer.
Falaram que sol era bom pra cicatrizar o bico do peito, que já estava prestes a rachar e sangrar (porque o peito de muita gente sangra por causa da amamentação! SANGRA!), então, todos os dias às seis da manhã, ficávamos eu e a Manu na varanda de casa, tomando sol. Ela só de fralda (por causa da icterícia), eu de camisola com os peitos pra fora. Aliás, ardia tanto que eu passava praticamente o dia todo com os peitos pra fora. Quando não fazendo a massagem, deixando minha pele longe de qualquer coisa que pudesse encostar nela. Assim foi o primeiro mês praticamente todo.
Comprei uma pomada pra passar no bico do peito e uma capinha de silicone pra proteger do atrito. Acho que a pele foi "engrossando" e a dor foi diminuindo, até que eu não precisei mais nem de um, nem de outro. E dar mamá pra Manu começou a ser legal, como minha amiga tinha dito.
Agora começou outro problema... meu leite não era fabricado em quantidade suficiente pra encher a pancinha da minha filha. Porque a bichinha deve ter puxado a mãe, de tanta fome que tinha.
Dai começou a pressão (de novo), todo mundo falando que tinha que dar só leite do peito, que não era pra dar leite em pó porque o leite do peito é que faz bem... Tá certo! Concordo! Fora que é muito mais fácil acordar de madrugada e botar o nenê no peito do que ter que levantar da cama e esquentar água, diluir o leite, botar na mamadeira... Só que a pessoa faz O QUE SE O PEITO NÃO DÁ VENCIMENTO???
Insite? Sim, claro! Insiste! Mas e se mesmo assim não dá? Faz o que? Se joga da janela? Porque era isso que eu tinha vontade de fazer!
Gente, pelo amor de Deus, ter um filho já é pressão demais na vida da pessoa, muitas mudanças, muito cansaço, e muita cobrança interna! Não cobrem mais ainda! A mãe vai fazer o que dá pra fazer! Mas se não dá, se o corpo não responde do jeito que seria o ideal NÃO FALE QUE O LEITE ARTIFICIAL FAZ MAL E NÃO VIREM OS OLHOS QUANDO ALGUMA MÃE DISSER QUE ESTÁ DANDO O LEITE ARTIFICIAL PRO SEU FILHO! Se ela tá fazendo isso, ACREDITE, É PORQUE NÃO TEM JEITO!
Enfim, amamentei minha filha até os cinco meses e meio, complementando sempre com leite artificial porque meu corpo não produzia o suficiente e ela chorava de fome. Então, entre matar a menina de fome e dar o Nan, eu dava o Nan!!!
Na semana que comecei a dar sopa e frutas ela começou a não querer mais o meu peito. Talvez por ser muito esforço por pouco leite, talvez porque ela tenha preferido a comida nova... seja lá o que for, ela preferiu deixar pra lá. E eu não surtei, não achei ruim, não chorei. Minha filha está crescendo, está saudável e eu estou aprendendo a deixar de lado a opinião não solicitada das pessoas.
Já voltei a trabalhar, meu peito não vaza, não incha e não dói mais. Fiz o que pude pra dar meu leite pra Manu, ela fez o que pôde pra mamar no meu peito. Nos acertamos e seguimos em frente.
E que venha a próxima fase!
Dai que Manu nasceu, dai que Manu precisava comer.
Eu lá, deitada, rasgada, sem sentir minhas pernas, chega a enfermeira com a Manu:
- Mãezinha, vai amamentar agora?
Por um breve momento eu fiquei pensando em como eu iria fazer aquilo. Barriga inchada e dolorida, não ia dar pra apoiar a Manu nela. Pernas sem movimento e uma sonda enfiada na uretra, não ia dar pra sentar. Olhei pra enfermeira, olhei pra Manu, olhei pro marido, olhei prum lado, olhei pro outro... Talvez eu tenha feito uma cara de desespero porque a enfermeira falou:
- Se quiser pode amamentar depois. Ela tem uma reserva de 12 horas, mas até a meia noite você precisa amamentar!
Certo! Certo! Até a meia noite eu devo ter minhas pernas de volta. Pelo menos isso já devia ajudar no processo. Acho que de todo o processo de parir o que mais me incomodou foi ficar sem sentir minhas pernas. Essa sensação de não ter controle sobre uma parte do seu corpo é horrível. A segunda pior coisa foi a sonda. De resto, nada que movimentos lentos e cuidadosos não resolvessem.
As horas foram passando, a anestesia foi sumindo, e minha vida começou a ficar um pouco menos pior.
Lá pras sete da noite chegou outra enfermeira no quarto:
- Vamos tomar banho?
Na hora eu pensei "Pra quê? Eu nem suei! Deixa assim mesmo.. eu não quero levantar da cama com esse SACO DE XIXI PENDURADO EM MIM!"
Um segundo depois chega outra enfermeira:
- Mãezinha, vamos amamentar?
Meu Deus! Socorro! Vamos por partes... já que eu vou ter que sentar com esse cano enfiado na minha uretra de qualquer jeito, que pelo menos eu esteja limpa... Vou tomar banho primeiro e depois eu amamento.
Banho tomado (falo dele outra hora), fui até o sofazinho, sentei sem fazer força (tente fazer isso em casa) e peguei a Manu para o tão esperado momento! Vamos ver como é esse negócio de amamentar que todo mundo fala. Deve ser tranquilo porque as fotos que a gente vê por ai são todas tão lindas, o nenê tranquilinho olhando pra mãe, a mãe sorrindo olhando pro nenê... agora é minha vez.
Manu no colo, peito pra fora, enfermeira apertando (Uiiii, que dor!) meu peito pra ver se tava saindo alguma coisa... Tchuf! Manu no peito. Deu umas mastigadinhas e depois dormiu. UIA! Que fácil! =)
O cartaz estava certo! Pena que ela não olhou pra mim que nem o nenê do cartaz, mas tudo bem, acho que depois ela olha.
Enfermeira mandou amamentar de três em três horas no máximo, então todo mundo alerta com o horário. Mas a Manu reclamava antes.
Pari na segunda, sai do hospital na quarta. Manu mamando e esfregando a gengivinha dela no bico do meu peito de uma em uma hora. Bico do peito começou a achar ruim essa fricção toda. Começou a arder um pouco... começou a arder mais... começou a arder muito!
Sexta feira de manhã, acordo com meu peito parecendo uma pedra! Todo inchado, duro, dolorido e pingando um líquido amarelo! Mandei zap pra vizinha enfermeira "To com os peitos inchados e duros! O que é isso?"... Vizinha responde "Seu leite desceu e deve ter empedrado! Chego já ai!".
Aquela foi a sexta feira mais dolorida de toda a minha vida! Vizinha enfermeira foi fazer massagem nas mamas pra desempedrar o leite. A dor era muita.. mas muita.. mas muita mesmo!!! Ela apertava de lá, apertava de cá, tentava tirar o leite (que era grosso e gordurento), apertava mais.. eu ia na lua e voltava.. ali acho que tive uma experiência extra corpórea, porque minha alma deixou meu corpo lá e foi embora de tanta dor que eu sentia.
Massagem feita, vizinha foi embora e eu cai no choro. Deu vontade de não ter mais leite, de não amementar nunca mais, de sair correndo, de me enfiar num buraco sozinha e ficar ali pra sempre.
Morri de medo de ter que fazer aquela massagem do inferno outra vez, então resolvi eu mesma ficar fazendo massagem assim que eu percebesse que o leite estava enchendo o peito.
Manu mamava e eu morria de dor no bico do peito. O peito enchia e eu morria de dor no peito todo. Uma amiga falou que um dia tudo isso seria extremamente prazeroso. Juro que não via como isso ia acontecer.
Falaram que sol era bom pra cicatrizar o bico do peito, que já estava prestes a rachar e sangrar (porque o peito de muita gente sangra por causa da amamentação! SANGRA!), então, todos os dias às seis da manhã, ficávamos eu e a Manu na varanda de casa, tomando sol. Ela só de fralda (por causa da icterícia), eu de camisola com os peitos pra fora. Aliás, ardia tanto que eu passava praticamente o dia todo com os peitos pra fora. Quando não fazendo a massagem, deixando minha pele longe de qualquer coisa que pudesse encostar nela. Assim foi o primeiro mês praticamente todo.
Comprei uma pomada pra passar no bico do peito e uma capinha de silicone pra proteger do atrito. Acho que a pele foi "engrossando" e a dor foi diminuindo, até que eu não precisei mais nem de um, nem de outro. E dar mamá pra Manu começou a ser legal, como minha amiga tinha dito.
Agora começou outro problema... meu leite não era fabricado em quantidade suficiente pra encher a pancinha da minha filha. Porque a bichinha deve ter puxado a mãe, de tanta fome que tinha.
Dai começou a pressão (de novo), todo mundo falando que tinha que dar só leite do peito, que não era pra dar leite em pó porque o leite do peito é que faz bem... Tá certo! Concordo! Fora que é muito mais fácil acordar de madrugada e botar o nenê no peito do que ter que levantar da cama e esquentar água, diluir o leite, botar na mamadeira... Só que a pessoa faz O QUE SE O PEITO NÃO DÁ VENCIMENTO???
Insite? Sim, claro! Insiste! Mas e se mesmo assim não dá? Faz o que? Se joga da janela? Porque era isso que eu tinha vontade de fazer!
Gente, pelo amor de Deus, ter um filho já é pressão demais na vida da pessoa, muitas mudanças, muito cansaço, e muita cobrança interna! Não cobrem mais ainda! A mãe vai fazer o que dá pra fazer! Mas se não dá, se o corpo não responde do jeito que seria o ideal NÃO FALE QUE O LEITE ARTIFICIAL FAZ MAL E NÃO VIREM OS OLHOS QUANDO ALGUMA MÃE DISSER QUE ESTÁ DANDO O LEITE ARTIFICIAL PRO SEU FILHO! Se ela tá fazendo isso, ACREDITE, É PORQUE NÃO TEM JEITO!
Enfim, amamentei minha filha até os cinco meses e meio, complementando sempre com leite artificial porque meu corpo não produzia o suficiente e ela chorava de fome. Então, entre matar a menina de fome e dar o Nan, eu dava o Nan!!!
Na semana que comecei a dar sopa e frutas ela começou a não querer mais o meu peito. Talvez por ser muito esforço por pouco leite, talvez porque ela tenha preferido a comida nova... seja lá o que for, ela preferiu deixar pra lá. E eu não surtei, não achei ruim, não chorei. Minha filha está crescendo, está saudável e eu estou aprendendo a deixar de lado a opinião não solicitada das pessoas.
Já voltei a trabalhar, meu peito não vaza, não incha e não dói mais. Fiz o que pude pra dar meu leite pra Manu, ela fez o que pôde pra mamar no meu peito. Nos acertamos e seguimos em frente.
E que venha a próxima fase!
quarta-feira, 9 de março de 2016
SOBRE O PARTO DA MANU
Daí que chegou o dia. Segunda feira, dia 23/11.
Acordar entre 7:30 e 8:00, ver se tudo está em ordem, pegar as malas (que já estavam prontas há dois meses), tomar coragem e sair às 8:40, em jejum. O médico pediu para estar na maternidade às 9:00 para fazer o parto às 11:00.
Cheguei na maternidade com meu fã clube (marido, mãe, sogra, cunhada e vizinha - é, a vizinha achou que seria de bom tom acompanhar a família nesses momentos importantes, porque né, é isso que os amigos fazem), fui fazer a internação. Uma hora esperando pra ser atendida. Depois disso, me mandaram para uma salinha. Bora fazer a preparação e subir para o centro cirúrgico.
- Mãezinha, tira toda a roupa e veste esse roupão. Depois senta aqui que eu vou tirar seu sangue pra ver o tipo sanguíneo.
Oi? Tirar sangue a essas alturas? Isso não tava combinado!
- Moça, eu sei o meu tipo sanguíneo, é O+! Num adianta eu falar não?
- Não, precisa fazer o exame.
Fazer o que né.. bora lá. Pra você que não me conhece, eu tenho um certo problema em tirar sangue (explico aqui), mas tinha que ser... e o que seria tirar um sanguinho pra quem ia ter a barriga partida ao meio?
- Moça, posso deitar na maca? É que eu, às vezes, desmaio quando vou tirar sangue...
- Desmaia é?.... (pausa pra ela pensar "meu, como é que essa criatura vai parir? será que ela acha que é a cegonha que traz o nenê lá no centro cirúrgico?)... pode deitar.
Deitadinha, senti a picada da agulha. Por enquanto tudo tranquilo, em uns 15 segundos ela deve tirar a agulha... 15, 16, 17, 18.....35, 36, 37... e nada. Quando a pessoa mexe muito e fica muito quieta enquanto tira seu sangue é sinal de que deu alguma coisa errada. Já passei por isso algumas vezes, geralmente erram a minha veia e ficam la fuçando pra ver se acham. Mas dessa vez foi diferente:
- Vish, num tá dando...
- Minha veia sumiu?
- É essa seringa....
Silêncio enquanto ela continuava a futucar no meu braço.
- E ai? Deu certo?
- Não... essa seringa... tá com defeito... não sei não... hummm... num deu... acho que.... hummm
Cansada de imaginar que ela estava quase amputando meu braço pra achar a veia resolvi quebrar minha regra básica para sobreviver a um exame de sangue: não olhar nunca!
Quando fui virando meus olhinhos para o lado da enfermeira enxerguei a mão dela coberta de sangue (e sem luva!! mulher louca). Achei por bem não continuar a mexer os olhos para não ter um parto normal ali mesmo.
- É, eles lá no centro cirúrgico tiram o sangue... a agulha não está encaixando... olha aqui!
Eu não olhei!
Levantei, respirei fundo e continuei sem perder meus sentidos. Sentei na cadeira de rodas e fui sendo empurrada até a porta onde meu fã clube iria me encontrar. Subimos para o primeiro andar, fui para o centro cirúrgico e o fã clube para o quarto, esperar por mim.
Primeiro fiquei em uma sala para fazerem as pulseirinhas que eu e a Manu usaríamos para não nos perdermos uma da outra. Lá havia três camas. Em um delas uma mulher cheia de mangueirinhas daquelas de soro gemia. Ela estava esperando pra fazer parto normal. Naquela hora eu percebi que foi Deus que fez o meu médico marcar a cesárea. Na boa, eu não ia aguentar.
Tudo pronto, tudo certo, bora lá pra sala de operação. Me mandaram pra lá andando mesmo, nem pra vir uma cadeira de rodas, ou uma maca... nada! Vai ali, andando mesmo. Chegando lá vi meu obstetra todo vestidinho de verde, junto com mais três pessoas (uma enfermeira, uma médica auxiliar e o anestesista surfista). Ele me perguntou se eu estava calma e eu respondi que sim, lógico! Mesmo depois do surto que eu tive na sala dele quando ele me falou da cesárea quatro dias antes.
Deitei na caminha (dura que só) e já me separaram do meu corpo com aquele pano verde que colocam abaixo do pescoço pra gente não poder ver nada. Vamos colocar o soro... PUTAQUEOPARIU QUE DOR! Senti arder a MINHA ALMA enquanto uma mulher enfiava um arame farpado nas costas da minha mão e falava para outra "vai mais um pouco". A outra espremia meu braço com toda a força, como se estivesse tirando o restinho do suco que fica dentro do canudo, "agora já deu". Aquilo devia ser a coleta do sangue, que me fez sentir saudade da enfermeira ensanguentada lá do andar de baixo.
Mandaram eu virar de lado e abraçar minhas pernas. Oi? Como é que eu vou abraçar minhas pernas com uma bola de pilates dentro da minha barriga? Parece impossível para você? Mas não se preocupe, a moça que quase arranca seu braço vai te ajudar. Ela puxa suas pernas com um braço e empurra sua cabeça, quase quebrando seu pescoço, com o outro braço. Dai vem o anestesita e tchum! Fura sua coluna. Mas esse furo realmente nem dói, você só sente um apertão, como se ele estivesse pressionando sua coluna com o dedo. O que dói mesmo é o arame farpado do soro.
"Vira ela rápido! Rápido!" disse o anestesista surfista, enquanto um gelado escorria pela minha perna esquerda (eu estava deitada em cima do meu lado esquerdo) que depois escorreu pra minha perna direita. Mas como eu ainda sentia meu dedão direito achei por bem avisar, porque né, eu não queria sentir um facão atravessando meu bucho. Mas depois de alguns segundos, lá se iam minhas duas pernas para a terra do além.
Senti uma leve vontade de fazer xixi, que eu descobri depois que era uma sonda sendo enfiada minha uretra a dentro. Eike delícia!
E dai começou... Começou uma conversaiada sobre os amigos em comum que todos ali tinham, menos eu, enquanto me partiam ao meio. Parecia mais que estavam em volta de uma mesa de bar, tomando cerveja e jogando conversa fora! E simplesmente me esqueceram. Alguém se preocupou em conversar comigo pra eu não entrar em desespero? Não! Alguém se preocupou em saber se eu tava sentindo alguma coisa? Não! Alguém se preocupou em ir me contando o que estavam fazendo pra eu não me sentir um boi sendo abatido? Não! GENTE, PELAMORDEDEUZZZ! PRESTENÇÃO AI NO QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO!!!! Fiquei lá rezando pra ninguém cortar um pedaço da minha bexiga ou deixar uma tesoura dentro do meu útero... vai saber.
De repente o obstetra lembra que eu tô lá e fala "Cadê seu marido? Ele não vai assistir não? Já vai nascer!". Deu vontade de responder "Perai que eu vou ali chamar... xô levantar aqui...". Como é que EU ia saber onde ele tava se mandaram ele esperar na sala do lado e me levaram pra outro canto? Depois de uns cinco segundos o marido apareceu e começaram a conversar com ele, já me esquecendo de novo. Diz o marido que quando ele entrou na sala eu estava gritando "Cadê meu marido??? Vem ver o que você fez comigooo!!!!", mas a minha versão do fato é um pouco menos intensa, apesar de eu realmente ter mandado ele ver o que ele havia feito comigo.
Senti duas puxadas do meu lado direito e depois o anestesista surfista enfiou a mão embaixo do pano que me separava do meu corpo e deu dois empurrões na parte de cima da minha barriga que eu tenho CER-TE-ZA que deslocou meu diafragma. Então ouvi um choro e vi um frangão, todinho esbranquiçado e inchado, sendo trazido, pendurado pelas pernas, na minha direção. Era minha filha, Manuela! =)
Depois da seção de fotos o anestesista surfista falou "agora você vai dormir um pouquinho" e pluft! Acordei numa sala fria, tremendo, sem saber quanto tempo havia passado (três horas). Quando percebeu que eu estava ali tendo trimiliques, a enfermeira veio conversar comigo. Falou que o frio era efeito da anestesia, que logo passaria.
Percebi que ainda não sentia minhas pernas. Ai meu Deus, cadê minhas pernas? Elas não deveriam estar aqui? Será que ainda estão vagando a esmo pelo hospital? E se elas não quiserem mais voltar? Ai minha bunda, tá doendo de ficar nessa posição e eu não consigo me mexer! Pequeno desespero começou a tomar conta da parte não anestesiada do meu corpo.
Me levaram pro meu quarto. Fã clube estava lá, firme e forte. Três e pouco da tarde. Manu nasceu às 12:23. A enfermeira mandou todo mundo sair do quarto menos o marido, que ia precisar ajudá-la a me colocar na cama. Transferência estranha quando não se sente metade do corpo. Vi um lençol cheio de sangue. Meu sangue. Vi a sonda cheia de xixi. Meu xixi. Vi minha barriga com um monte de esparadrapos grudados na região do corte e pensei "puts, pra desgrudar isso dai vai doer um monte". A enfermeira foi embora e eu fiquei lá, deitada, cortada e sem poder falar (porque você não pode falar nas primeiras 24 horas depois da cesárea pra não ficar cheia de gases e com a barriga de uma grávida de seis meses).
A Manu chegou no quarto uma hora depois de mim. Minhas pernas chegaram no quarto três horas depois de mim. E com todo mundo junto, adormeci.
(... e a história continua no próximo post)
Acordar entre 7:30 e 8:00, ver se tudo está em ordem, pegar as malas (que já estavam prontas há dois meses), tomar coragem e sair às 8:40, em jejum. O médico pediu para estar na maternidade às 9:00 para fazer o parto às 11:00.
Tá tudo ai, eu juro! |
Cheguei na maternidade com meu fã clube (marido, mãe, sogra, cunhada e vizinha - é, a vizinha achou que seria de bom tom acompanhar a família nesses momentos importantes, porque né, é isso que os amigos fazem), fui fazer a internação. Uma hora esperando pra ser atendida. Depois disso, me mandaram para uma salinha. Bora fazer a preparação e subir para o centro cirúrgico.
- Mãezinha, tira toda a roupa e veste esse roupão. Depois senta aqui que eu vou tirar seu sangue pra ver o tipo sanguíneo.
Oi? Tirar sangue a essas alturas? Isso não tava combinado!
- Moça, eu sei o meu tipo sanguíneo, é O+! Num adianta eu falar não?
- Não, precisa fazer o exame.
Fazer o que né.. bora lá. Pra você que não me conhece, eu tenho um certo problema em tirar sangue (explico aqui), mas tinha que ser... e o que seria tirar um sanguinho pra quem ia ter a barriga partida ao meio?
- Moça, posso deitar na maca? É que eu, às vezes, desmaio quando vou tirar sangue...
- Desmaia é?.... (pausa pra ela pensar "meu, como é que essa criatura vai parir? será que ela acha que é a cegonha que traz o nenê lá no centro cirúrgico?)... pode deitar.
Deitadinha, senti a picada da agulha. Por enquanto tudo tranquilo, em uns 15 segundos ela deve tirar a agulha... 15, 16, 17, 18.....35, 36, 37... e nada. Quando a pessoa mexe muito e fica muito quieta enquanto tira seu sangue é sinal de que deu alguma coisa errada. Já passei por isso algumas vezes, geralmente erram a minha veia e ficam la fuçando pra ver se acham. Mas dessa vez foi diferente:
- Vish, num tá dando...
- Minha veia sumiu?
- É essa seringa....
Silêncio enquanto ela continuava a futucar no meu braço.
- E ai? Deu certo?
- Não... essa seringa... tá com defeito... não sei não... hummm... num deu... acho que.... hummm
Cansada de imaginar que ela estava quase amputando meu braço pra achar a veia resolvi quebrar minha regra básica para sobreviver a um exame de sangue: não olhar nunca!
Quando fui virando meus olhinhos para o lado da enfermeira enxerguei a mão dela coberta de sangue (e sem luva!! mulher louca). Achei por bem não continuar a mexer os olhos para não ter um parto normal ali mesmo.
Tinha muito mais lá, eu juro! |
- É, eles lá no centro cirúrgico tiram o sangue... a agulha não está encaixando... olha aqui!
Eu não olhei!
Levantei, respirei fundo e continuei sem perder meus sentidos. Sentei na cadeira de rodas e fui sendo empurrada até a porta onde meu fã clube iria me encontrar. Subimos para o primeiro andar, fui para o centro cirúrgico e o fã clube para o quarto, esperar por mim.
Primeiro fiquei em uma sala para fazerem as pulseirinhas que eu e a Manu usaríamos para não nos perdermos uma da outra. Lá havia três camas. Em um delas uma mulher cheia de mangueirinhas daquelas de soro gemia. Ela estava esperando pra fazer parto normal. Naquela hora eu percebi que foi Deus que fez o meu médico marcar a cesárea. Na boa, eu não ia aguentar.
Tudo pronto, tudo certo, bora lá pra sala de operação. Me mandaram pra lá andando mesmo, nem pra vir uma cadeira de rodas, ou uma maca... nada! Vai ali, andando mesmo. Chegando lá vi meu obstetra todo vestidinho de verde, junto com mais três pessoas (uma enfermeira, uma médica auxiliar e o anestesista surfista). Ele me perguntou se eu estava calma e eu respondi que sim, lógico! Mesmo depois do surto que eu tive na sala dele quando ele me falou da cesárea quatro dias antes.
Deitei na caminha (dura que só) e já me separaram do meu corpo com aquele pano verde que colocam abaixo do pescoço pra gente não poder ver nada. Vamos colocar o soro... PUTAQUEOPARIU QUE DOR! Senti arder a MINHA ALMA enquanto uma mulher enfiava um arame farpado nas costas da minha mão e falava para outra "vai mais um pouco". A outra espremia meu braço com toda a força, como se estivesse tirando o restinho do suco que fica dentro do canudo, "agora já deu". Aquilo devia ser a coleta do sangue, que me fez sentir saudade da enfermeira ensanguentada lá do andar de baixo.
Ela era muito mais assustadora, eu juro! |
Mandaram eu virar de lado e abraçar minhas pernas. Oi? Como é que eu vou abraçar minhas pernas com uma bola de pilates dentro da minha barriga? Parece impossível para você? Mas não se preocupe, a moça que quase arranca seu braço vai te ajudar. Ela puxa suas pernas com um braço e empurra sua cabeça, quase quebrando seu pescoço, com o outro braço. Dai vem o anestesita e tchum! Fura sua coluna. Mas esse furo realmente nem dói, você só sente um apertão, como se ele estivesse pressionando sua coluna com o dedo. O que dói mesmo é o arame farpado do soro.
É a primeira imagem. Foi assim que me dobraram no meio pra tomar a anestesia, mas foi mais forte, eu juro! |
Senti uma leve vontade de fazer xixi, que eu descobri depois que era uma sonda sendo enfiada minha uretra a dentro. Eike delícia!
E dai começou... Começou uma conversaiada sobre os amigos em comum que todos ali tinham, menos eu, enquanto me partiam ao meio. Parecia mais que estavam em volta de uma mesa de bar, tomando cerveja e jogando conversa fora! E simplesmente me esqueceram. Alguém se preocupou em conversar comigo pra eu não entrar em desespero? Não! Alguém se preocupou em saber se eu tava sentindo alguma coisa? Não! Alguém se preocupou em ir me contando o que estavam fazendo pra eu não me sentir um boi sendo abatido? Não! GENTE, PELAMORDEDEUZZZ! PRESTENÇÃO AI NO QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO!!!! Fiquei lá rezando pra ninguém cortar um pedaço da minha bexiga ou deixar uma tesoura dentro do meu útero... vai saber.
De repente o obstetra lembra que eu tô lá e fala "Cadê seu marido? Ele não vai assistir não? Já vai nascer!". Deu vontade de responder "Perai que eu vou ali chamar... xô levantar aqui...". Como é que EU ia saber onde ele tava se mandaram ele esperar na sala do lado e me levaram pra outro canto? Depois de uns cinco segundos o marido apareceu e começaram a conversar com ele, já me esquecendo de novo. Diz o marido que quando ele entrou na sala eu estava gritando "Cadê meu marido??? Vem ver o que você fez comigooo!!!!", mas a minha versão do fato é um pouco menos intensa, apesar de eu realmente ter mandado ele ver o que ele havia feito comigo.
Senti duas puxadas do meu lado direito e depois o anestesista surfista enfiou a mão embaixo do pano que me separava do meu corpo e deu dois empurrões na parte de cima da minha barriga que eu tenho CER-TE-ZA que deslocou meu diafragma. Então ouvi um choro e vi um frangão, todinho esbranquiçado e inchado, sendo trazido, pendurado pelas pernas, na minha direção. Era minha filha, Manuela! =)
Ela tava muito mais esbranquiçada, eu juro! |
Percebi que ainda não sentia minhas pernas. Ai meu Deus, cadê minhas pernas? Elas não deveriam estar aqui? Será que ainda estão vagando a esmo pelo hospital? E se elas não quiserem mais voltar? Ai minha bunda, tá doendo de ficar nessa posição e eu não consigo me mexer! Pequeno desespero começou a tomar conta da parte não anestesiada do meu corpo.
Me levaram pro meu quarto. Fã clube estava lá, firme e forte. Três e pouco da tarde. Manu nasceu às 12:23. A enfermeira mandou todo mundo sair do quarto menos o marido, que ia precisar ajudá-la a me colocar na cama. Transferência estranha quando não se sente metade do corpo. Vi um lençol cheio de sangue. Meu sangue. Vi a sonda cheia de xixi. Meu xixi. Vi minha barriga com um monte de esparadrapos grudados na região do corte e pensei "puts, pra desgrudar isso dai vai doer um monte". A enfermeira foi embora e eu fiquei lá, deitada, cortada e sem poder falar (porque você não pode falar nas primeiras 24 horas depois da cesárea pra não ficar cheia de gases e com a barriga de uma grávida de seis meses).
A Manu chegou no quarto uma hora depois de mim. Minhas pernas chegaram no quarto três horas depois de mim. E com todo mundo junto, adormeci.
(... e a história continua no próximo post)
segunda-feira, 7 de março de 2016
SOBRE O ANESTESISTA SURFISTA
Dai que na quinta feira, na consulta com o obstetra, ele me perguntou se eu já havia feito minha consulta com o anestesista que iria participar do meu parto.
Escolhi um cara experiente, indicado por uma colega do trabalho, um senhor muito calmo e que me passou muita tranquilidade.
- Fiz sim! O Dr. Ronald que vai ser meu anestesista! - respondi sorridente.
- Dr. Ronald não. Ele enfartou a semana passada. Tem que ver outro.
Oiiii??? Como assim o meu anestesista enfartou??? E agora??? Meu parto vai ser na segunda feira!!! Vai ser sem anestesia???
- O dr. Ronald está indicando o sobrinho dele. Toma o telefone, liga e fala com ele.
Adicionei o número no meu celular e fui logo no zap zap pra ver se ele tinha foto. Quase que o enfarto agora era em mim. O médico sobrinho do médico enfartado tinha cara de surfista. Eu não queria um surfista, com os neurônios queimados, enfiando nenhuma agulha na minha coluna.
Tentei outro médico mas ele estava ocupado e eu não tinha mais tempo. Tive que apelar pro anestesista surfista mesmo.
Falei com ele pelo zap e ele confirmou que estaria na maternidade na segunda feira.
Só o conheci pessoalmente na sala de parto. Para o meu alívio, tudo correu bem, ele também era super calmo e foi o único que me deu um pouquinho de atenção na hora do parto (isso eu conto no próximo post).
Anestesia feita, parto feito, eu inteira!
Obrigada dr. Anestesista Surfista, por perder a onda daquela segunda feira de manhã só para me atender! =)
Escolhi um cara experiente, indicado por uma colega do trabalho, um senhor muito calmo e que me passou muita tranquilidade.
- Fiz sim! O Dr. Ronald que vai ser meu anestesista! - respondi sorridente.
- Dr. Ronald não. Ele enfartou a semana passada. Tem que ver outro.
Oiiii??? Como assim o meu anestesista enfartou??? E agora??? Meu parto vai ser na segunda feira!!! Vai ser sem anestesia???
- O dr. Ronald está indicando o sobrinho dele. Toma o telefone, liga e fala com ele.
Adicionei o número no meu celular e fui logo no zap zap pra ver se ele tinha foto. Quase que o enfarto agora era em mim. O médico sobrinho do médico enfartado tinha cara de surfista. Eu não queria um surfista, com os neurônios queimados, enfiando nenhuma agulha na minha coluna.
Será que é ele??? |
Falei com ele pelo zap e ele confirmou que estaria na maternidade na segunda feira.
Só o conheci pessoalmente na sala de parto. Para o meu alívio, tudo correu bem, ele também era super calmo e foi o único que me deu um pouquinho de atenção na hora do parto (isso eu conto no próximo post).
Anestesia feita, parto feito, eu inteira!
Obrigada dr. Anestesista Surfista, por perder a onda daquela segunda feira de manhã só para me atender! =)
quarta-feira, 2 de março de 2016
SOBRE O TIPO DE PARTO
Olha, cansei dessa história de parto normal.
E eu sou mole! Isso não é segredo e não é vergonha, pelo menos para mim. Já me aceitei assim. Sou dessas que desmaia tirando sangue, que acha que o helicóptero dos bombeiros vai ter que vir me resgatar no caso de uma unha se desgrudar da pele e que fica de repouso completo por 30 dias quando o médico diz que é pra não fazer esforço por cinco dias.
E na minha cabeça sempre foi certo que eu faria cesárea quando eu engravidasse. Por favor, me dê uma anestesia geral e só me acorde uma semana depois.
Daí que quando eu engravidei TODO MUNDO ficou falando no meu juízo que eu tinha que fazer parto normal. E foram 9 meses (ou 40 semanas, como queira) de auto trabalho psicológico para me convencer de que eu preferia o parto normal ao parto cesárea.
Enfim, quando eu consegui, veio o obstetra e falou "Você não está tendo dilatação nenhuma e o nenê ainda não encaixou. Vamos marcar a cesárea para segunda, ás 9 da manhã", na quinta feira a noite. Pronto, surtei!
Saí do consultório do médico e caí no choro, porque né, fazendo cesárea eu estaria estragando a minha vida e a vida da minha filha para sempre!
Depois de muita conversa e muita paciência do marido, eu aceitei a ideia.
Agora, veja se isso é certo: uma vida toda com a certeza da cesárea, nove meses para anular a certeza da cesárea e colocar no lugar a preferência por parto normal e três dias para voltar tudo ao início.
As pessoas são chatas. Elas gostam de dar opinião, você pedindo ou não. E não me venha com aquela história de que a opinião é cheia de boa intensão porque é de boa intensão que se pavimenta o caminho do inferno.
Quando estavam lá me torturando, me fazendo querer uma coisa que eu não queria, ninguém me disse que em parto normal a criança pode sufocar se demorar para entrar no trabalho de parto, que já aconteceu do nenê ter o ombro deslocado na tentativa de ser tirado de dentro da mãe, que quando a mãe não tem passagem o suficiente e insiste em fazer parto normal, a criança pode ficar lá entalada e ter que fazer uma cesárea às pressas pra resolver o problema... Parto normal também pode ter problemas.
A verdade é que nenhum tipo de parto é bom. Nenhum tipo de parto é gostosinho. Porque não dá pra achar lindo ter a prexeca esticada até seu limite pra sair uma melancia de onde só passa um limão. Porque não da pra achar divertido ter um corte nas suas 459 camadas de pele e músculo e gordura e parede de útero.
Tudo é difícil, tudo é ruim e tudo pode dar errado.
Pra quem fala que no parto normal a recuperação é rápida e você não sente dor depois do parto, eu te digo: Eu senti dor depois do parto mas durante ele eu não senti nada.
Pra quem fala que no parto normal não tem corte profundo, eu te digo: minha barriga foi cortada mas meu períneo tá inteiro.
E pra quem fala que assim que viu o nenê já caiu de amores, eu te digo: Caio de amores todos os dias pela minha filha, mas no primeiro dia o que eu senti foi medo do que eu teria que fazer com ela pelo resto da vida, coisa que eu acho que todas as mães sentem, antes de sentir qualquer tipo amor, mesmo que não admitam.
O que eu quero dizer pra você que está grávida e está ai, louca, no meio de tanta gente falando o que você deve ou não fazer, é: FODA-SE! Use essa expressão quando você não estiver aguentando mais. Mande a sua mãe, a sua sogra, a sua cunhada, a sua amiga, o seu médico, o seu marido ou o leiteiro se foder se estiverem fazendo você se sentir mal por querer fazer cesárea ao invés de parto normal. Porque a barriga é sua, a prexeca é sua e o filho é seu. Você pode escolher o que é melhor pra você e pro seu filho, independente do que todo mundo está falando.
E agora vou ser muito sincera, se for pra escolher entre parto normal e parto cesárea na próxima gravidez eu escolho NÃO ENGRAVIDAR! Muito obrigada!
Já deu, ein! |
Passei TODA a minha gravidez escutando que o parto normal é melhor porque é normal e não é cirurgia, porque o nenê tem menos chance de ter alergia porque entra em contato com as bactérias do canal vaginal na saída do corpo da mãe, porque o nenê tem menos chance de ter líquido nos pulmões porque quando sai ele é meio que esmagado e o líquido que estava dentro dele sai todo, porque a recuperação da mãe é muito mais rápida e na cesárea ela fica praticamente morta por uma vida toda até conseguir se recuperar, porque o corpo da mãe libera ocitocina na hora do parto (que e o hormônio que te faz amar seu bebê) e dai você vai se conectar com seu filho na hora, entre tantas outras coisas...
E eu sou mole! Isso não é segredo e não é vergonha, pelo menos para mim. Já me aceitei assim. Sou dessas que desmaia tirando sangue, que acha que o helicóptero dos bombeiros vai ter que vir me resgatar no caso de uma unha se desgrudar da pele e que fica de repouso completo por 30 dias quando o médico diz que é pra não fazer esforço por cinco dias.
E na minha cabeça sempre foi certo que eu faria cesárea quando eu engravidasse. Por favor, me dê uma anestesia geral e só me acorde uma semana depois.
Daí que quando eu engravidei TODO MUNDO ficou falando no meu juízo que eu tinha que fazer parto normal. E foram 9 meses (ou 40 semanas, como queira) de auto trabalho psicológico para me convencer de que eu preferia o parto normal ao parto cesárea.
Enfim, quando eu consegui, veio o obstetra e falou "Você não está tendo dilatação nenhuma e o nenê ainda não encaixou. Vamos marcar a cesárea para segunda, ás 9 da manhã", na quinta feira a noite. Pronto, surtei!
Saí do consultório do médico e caí no choro, porque né, fazendo cesárea eu estaria estragando a minha vida e a vida da minha filha para sempre!
Depois de muita conversa e muita paciência do marido, eu aceitei a ideia.
Agora, veja se isso é certo: uma vida toda com a certeza da cesárea, nove meses para anular a certeza da cesárea e colocar no lugar a preferência por parto normal e três dias para voltar tudo ao início.
As pessoas são chatas. Elas gostam de dar opinião, você pedindo ou não. E não me venha com aquela história de que a opinião é cheia de boa intensão porque é de boa intensão que se pavimenta o caminho do inferno.
Quando estavam lá me torturando, me fazendo querer uma coisa que eu não queria, ninguém me disse que em parto normal a criança pode sufocar se demorar para entrar no trabalho de parto, que já aconteceu do nenê ter o ombro deslocado na tentativa de ser tirado de dentro da mãe, que quando a mãe não tem passagem o suficiente e insiste em fazer parto normal, a criança pode ficar lá entalada e ter que fazer uma cesárea às pressas pra resolver o problema... Parto normal também pode ter problemas.
A verdade é que nenhum tipo de parto é bom. Nenhum tipo de parto é gostosinho. Porque não dá pra achar lindo ter a prexeca esticada até seu limite pra sair uma melancia de onde só passa um limão. Porque não da pra achar divertido ter um corte nas suas 459 camadas de pele e músculo e gordura e parede de útero.
Tudo é difícil, tudo é ruim e tudo pode dar errado.
Pra quem fala que no parto normal a recuperação é rápida e você não sente dor depois do parto, eu te digo: Eu senti dor depois do parto mas durante ele eu não senti nada.
Pra quem fala que no parto normal não tem corte profundo, eu te digo: minha barriga foi cortada mas meu períneo tá inteiro.
E pra quem fala que assim que viu o nenê já caiu de amores, eu te digo: Caio de amores todos os dias pela minha filha, mas no primeiro dia o que eu senti foi medo do que eu teria que fazer com ela pelo resto da vida, coisa que eu acho que todas as mães sentem, antes de sentir qualquer tipo amor, mesmo que não admitam.
O que eu quero dizer pra você que está grávida e está ai, louca, no meio de tanta gente falando o que você deve ou não fazer, é: FODA-SE! Use essa expressão quando você não estiver aguentando mais. Mande a sua mãe, a sua sogra, a sua cunhada, a sua amiga, o seu médico, o seu marido ou o leiteiro se foder se estiverem fazendo você se sentir mal por querer fazer cesárea ao invés de parto normal. Porque a barriga é sua, a prexeca é sua e o filho é seu. Você pode escolher o que é melhor pra você e pro seu filho, independente do que todo mundo está falando.
E agora vou ser muito sincera, se for pra escolher entre parto normal e parto cesárea na próxima gravidez eu escolho NÃO ENGRAVIDAR! Muito obrigada!
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
SOBRE AS 40 SEMANAS
Daí que a cabeça da gente já começa a ficar bagunçada por causa da contagem do tempo de gravidez.
A vida inteira você escuta que a gravidez dura 9 meses (dos seres humanos, tá! Não de elefantes), dai o médico começa a falar com você de semanas. Então um certo dia você vai lá conferir a quantidade de semanas com a quantidade de meses e, obviamente, não bate (afinal, um mês não tem só 4 semanas). E come a confusão. Porque quem já engravidou fala em semanas, quem nunca, fala em meses. E você tem que ficar fazendo as duas contagens.
- O primeiro trimestre: você emagrece! Quer perder uns quilinhos? Engravide! Quando chega lá pela 8ª semana você começa a salivar à toa, seu estômago parece que vai ficar do avesso. Se você tossir, você vomita. Falam sobre grávidas terem desejos... o desejo que eu tinha era que meu estômago parasse de me odiar.
Nessa fase tudo era expectativa (menos o enjoo, que era real), a gente quer saber o sexo do bebê, a gene quer sentir logo o bebê mexendo (depois que os chutes nas costelas começam você repensa essa ansiedade), mas você não sabe nada e não sente nada, além das náuseas.
- O segundo trimestre: sexo feminino. Mexidas do bebê parecem um peido andando dentro da sua barriga, mas em lugares diferentes do comum. Tudo bem vai, minha amiga, que é mais meiga, descreveu este evento como "coceguinha na barriga". Peido!
Os enjôos sumiram e chegou a fome. Mas você não pode comer tudo o que der na telha porque tem que pensar no bebê e blá, blá, blá... Então você vai encher a cara de alface, espinafre, água, couve, suco de furas, água, abobrinha, chuchu, água, frango grelhado, melão, água, laranja, banana e muita água.
Ah! Você queria afundar sua fuça num bolo todo recheado de chocolate? Esquece! Você queria mergulhar numa panela de feijoada gordurosa e deliciosa? Esquece! Tanto porque o seu estômago já não tem mais o espaço que ele tinha antes, vamos dizer que ele está sendo despejado para que o útero possa ocupar seu lugar.
Bom, dai de bônus eu ganhei uma hemorroida inflamada. Não sei porquê, mas me deu uma super caganeira em um certo dia (acho que comi uma lesma) e dai minha hemorroida se rebelou.
O peso que o bebê faz no seu corpo ajuda a fazer o seu rescófi virar do avesso e surgem as hemorroidas. Isso aí somado a um trabalho que te faça ficar sentada o tempo todo, somado a comida que não caia bem, faz de você aquela pessoa que vai trabalhar e leva consigo aquela almofadinha com um furo no meio para poder sentar sem apertar a dita cuja. Virei a moça da almofadinha!
- O terceiro trimestre: Sabe aquela lei que fala que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo? Então, colega Newton não era mulher e, evidentemente, não sabia que isso era possível SIM! Aliás, não são apenas 2 corpos que ocupam o mesmo lugar, é o seu estômago, sua bexiga, seus pulmões, entre outras coisas que eu nem sei que tenho dentro de mim, que estão todos juntos ocupando o mesmo espaço enquanto seu útero já toma conta de todo o resto do seu tronco.
Você curte dormir? Então leve um travesseiro para o banheiro e durma por lá. Sentada na privada! A cada meia hora você vai querer fazer xixi, durante a noite, durante o dia, durante a reunião de trabalho, durante o filme no cinema...
Sua popoquinnha (nome dado ao órgão sexual feminino pelo pediatra da minha filha que eu, meigamente, resolvi adotar), cadê? Não sei. Você não a entra mais. Ela foi abduzida por uma barriga imensa que agora separa você dela. Eu só sabia que ela ainda estava lá por causa do espelho. Abençoado seja!
Respirar também é um luxo.Seus pulmões não têm espaço para expandir (lógico, ele está lá, contrariando Newton).
E aquele pequeno inquilino que habita seu interior começa a achar ruim o espaço que tem, então ele resolve agir como um integrante do black block e distribui socos e pontapés nas paredes que, tão gentilmente, o acolhe. Seu intestino, sua bexiga, seus pulmões... todos agredidos gratuitamente. E as costelas? Ah...! As costelas!!! Essas são especialmente chutadas. E dói! E os chutes são, preferencialmente, a noite. Pra quê dormir?
A essas alturas você fica doida pro bebê nascer porque você não aguenta mais. Dai vem alguém e fala "quando nascer você vai preferir que ele ainda estivesse na sua barriga", e você pensa "que nada, não tem como piorar!".
E aqui eu deixo uma frase de um professor de história que eu tive no Cursinho da Poli:
As coisas sempre podem piorar, você é que não tem criatividade!
E como isso é verdade........!
sábado, 20 de fevereiro de 2016
SOBRE ENGRAVIDAR
Dai que PAHH! Eu engravidei!
Mas antes que você pense "Eita, engravidou!" Como quem quer dizer "Afff, com tanta informação que tem hoje em dia e essas meninas ainda engravidam! Ela vai ver, ela que vai sofrer, porue é a mulher que aguenta, homem não tá nem ai!", já vou explicar:
1) Não sou menina... já estou com meus 35 e meio;
2) Foi tudo milimetricamente planejado;
3) É, ai você tem razão, sobra quase tudo pra mulher mesmo!
Então vamos aos fatos (senta que lá vem a história...):
Era um lindo outubro, uma bela noite em que eu e o marido estávamos de bom humor e felizes da vida, com nosso apartamento comprado, com nosso carro quitado, nós dois com nossos empregos públicos... Foi então que olhei pra ele e falei "vai?" e ele respondeu "vai!".
Pronto! Engravidei! Assim de primeira!
Nós já tínhamos conversado antes, lógico, muitas vezes. Eu queria esperar o máximo possível para engravida porque sabia que minha vida não seria mais minha e eu tinha muita falta de disposição de deixar de ser a pessoa mais importante da minha vida.
Mas... a idade foi andando, aliás, correndo! E quando dei por mim já estava com 34. E eu sabia que precisava engravidar no máximo aos 35 porque depois disso as chances de ter uma gravidez de risco aumentaria. Pelo menos é isso que a gente escuta e lê por ai.
Nunca engravidei sem querer. Nunca! Já abusei da sorte, confesso! Mas ainda bem que ela nunca me abandonou.
Meus pais são separados e eu sempre soube que minha mãe se ralou a vida inteira para me criar, portanto, se um dia eu fosse engravidar teria que ser sob certas condições:
1º - Ter passado num concurso público (porque eu sei bem o que é depender de patrão e nunca fui afim de ficar me phodendo a vida toda dependendo dos outros);
2º - Ser casada. Porque eu queria ter certeza que o casamento não seria só por causa de uma gravidez;
3º - Ter minha casa. Só pelo fato de não precisar me mudar correndo caso o dono do imóvel alugado peça pra eu sair, e
4º - Ter aproveitado o máximo possível minha vida independente.
Daí que com tudo no esquema, engravidei.
Então, depois de duas semanas do dia do "vai", fui ao Obstetra e ele fez um ultrassom: "É, que você está grávida, está! Mas volte daqui duas semanas porque está muito no comecinho".O primeiro pensamento que veio na cabeça foi "Nossa! tem uma criança dentro de mim!" e um gelo na barriga.
Sai dali e mandei uma mensagem para a pessoa responsável por aquilo, minha psicóloga (valeu Ilka!). Era ela que me fazia não surtar e me ajudava a ir pra frente. Ir para a próxima fase da vida.
Uma semana depois, numa quinta feira, às 5h da manhã, senti uma pontada na barriga e comecei a sangrar.
Lá se ia o meu friozinho na barriga corpo a fora. Perdi o nenê.
O médico disse que isso era bem normal e que acontecia com aproximadamente 20% das mulheres.
Novembro, Dezembro, Janeiro... Fevereiro! Momento de tentar de novo e PAHH! Engravidei de novo.
Dessa vez resolvi esperar um pouco mais para dar a notícia para os amigos, porque é meio estranho você falar "Olha, to grávida" e depois de uma semana, quando alguém vem te dar parabéns, você ter que falar "É...perdi o nenê". Num é nem por nada, porque sinceramente, não deu tempo de cair a ficha, mas a cara que a pessoa faz quando percebe que deu um fora é muito constrangedora. E dai ao invés de você ser consolada, você precisa consolar a pessoa que acha que te magoou com os parabéns fora de hora.
E dai que deu tudo certo e hoje eu já estou com a baixinha no colo.
Ela foi a principal culpada por eu não escrever no blog esse tempo todo (e a culpada secundária foi minha preguiça), mas eu pretendo agora contar aqui como foi o período da gravidez, o parto e o 1º mês de vida dela.
E eu PRE-CI-SO fazer isso para poder lembrar, em detalhes, cada uma das agruras (que não foram poucas) para o caso de passar, nem que seja bem ao longe, na minha cabeça, a ideia de ter outro filho.
Mas antes que você pense "Eita, engravidou!" Como quem quer dizer "Afff, com tanta informação que tem hoje em dia e essas meninas ainda engravidam! Ela vai ver, ela que vai sofrer, porue é a mulher que aguenta, homem não tá nem ai!", já vou explicar:
1) Não sou menina... já estou com meus 35 e meio;
2) Foi tudo milimetricamente planejado;
3) É, ai você tem razão, sobra quase tudo pra mulher mesmo!
Então vamos aos fatos (senta que lá vem a história...):
Era um lindo outubro, uma bela noite em que eu e o marido estávamos de bom humor e felizes da vida, com nosso apartamento comprado, com nosso carro quitado, nós dois com nossos empregos públicos... Foi então que olhei pra ele e falei "vai?" e ele respondeu "vai!".
Pronto! Engravidei! Assim de primeira!
Nós já tínhamos conversado antes, lógico, muitas vezes. Eu queria esperar o máximo possível para engravida porque sabia que minha vida não seria mais minha e eu tinha muita falta de disposição de deixar de ser a pessoa mais importante da minha vida.
Mas... a idade foi andando, aliás, correndo! E quando dei por mim já estava com 34. E eu sabia que precisava engravidar no máximo aos 35 porque depois disso as chances de ter uma gravidez de risco aumentaria. Pelo menos é isso que a gente escuta e lê por ai.
Nunca engravidei sem querer. Nunca! Já abusei da sorte, confesso! Mas ainda bem que ela nunca me abandonou.
Meus pais são separados e eu sempre soube que minha mãe se ralou a vida inteira para me criar, portanto, se um dia eu fosse engravidar teria que ser sob certas condições:
1º - Ter passado num concurso público (porque eu sei bem o que é depender de patrão e nunca fui afim de ficar me phodendo a vida toda dependendo dos outros);
2º - Ser casada. Porque eu queria ter certeza que o casamento não seria só por causa de uma gravidez;
3º - Ter minha casa. Só pelo fato de não precisar me mudar correndo caso o dono do imóvel alugado peça pra eu sair, e
4º - Ter aproveitado o máximo possível minha vida independente.
Daí que com tudo no esquema, engravidei.
Então, depois de duas semanas do dia do "vai", fui ao Obstetra e ele fez um ultrassom: "É, que você está grávida, está! Mas volte daqui duas semanas porque está muito no comecinho".O primeiro pensamento que veio na cabeça foi "Nossa! tem uma criança dentro de mim!" e um gelo na barriga.
Sai dali e mandei uma mensagem para a pessoa responsável por aquilo, minha psicóloga (valeu Ilka!). Era ela que me fazia não surtar e me ajudava a ir pra frente. Ir para a próxima fase da vida.
Uma semana depois, numa quinta feira, às 5h da manhã, senti uma pontada na barriga e comecei a sangrar.
Lá se ia o meu friozinho na barriga corpo a fora. Perdi o nenê.
O médico disse que isso era bem normal e que acontecia com aproximadamente 20% das mulheres.
Novembro, Dezembro, Janeiro... Fevereiro! Momento de tentar de novo e PAHH! Engravidei de novo.
Dessa vez resolvi esperar um pouco mais para dar a notícia para os amigos, porque é meio estranho você falar "Olha, to grávida" e depois de uma semana, quando alguém vem te dar parabéns, você ter que falar "É...perdi o nenê". Num é nem por nada, porque sinceramente, não deu tempo de cair a ficha, mas a cara que a pessoa faz quando percebe que deu um fora é muito constrangedora. E dai ao invés de você ser consolada, você precisa consolar a pessoa que acha que te magoou com os parabéns fora de hora.
E dai que deu tudo certo e hoje eu já estou com a baixinha no colo.
Ela foi a principal culpada por eu não escrever no blog esse tempo todo (e a culpada secundária foi minha preguiça), mas eu pretendo agora contar aqui como foi o período da gravidez, o parto e o 1º mês de vida dela.
E eu PRE-CI-SO fazer isso para poder lembrar, em detalhes, cada uma das agruras (que não foram poucas) para o caso de passar, nem que seja bem ao longe, na minha cabeça, a ideia de ter outro filho.
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