Dai que eu arrumei uma viagem para as Gerais (Minas... pra
quem não entendeu...) para fazer uma espionagem industrial. É, eu sou espiã! Basicamente
uma versão feminina do 007 (sem a parte dos tiros, das corridas de carro, do
glamour, dos confrontos corporais e dos bonitões – versão masculina das
bonitonas do Sr. Bond... o noivo não ia lidar muito bem com essa última parte).
Mas é só para manter meu emprego.
Como não tem a parte do glamour (acho que essa é a parte que
mais me faz falta), eu tive que procurar a passagem mais barata, da empresa de
aviação mais fuleira, com o horário mais escroto que pudesse existir. E assim o
fiz. Passagem de Deus me Livre às Gerais: cento e trinta e cinco reais. Mais
barato que isso só se eu fretasse um carroceiro pra me levar de jegue.
E é lógico que o roteiro tinha que ser o mais trágico
possível: Conexão de 4 HORAS em BSB na volta pra casa.
Conexão é a coisa mais chata do mundo. Mais chato do que
fila de banco. Mais chato do que andar na 25 (lá em SP) em véspera de natal.
Mais chato do que levar sermão da mãe. Só não é mais chato do que o povo da
minha pós (É, infelizmente eu tô na aula e num gosto de 98% das pessoas que
estão aqui. Os outros 2% já eram meus amigos antes de fazer esse curso).
Dai lembrei da
Garrafinha: Ela é das redondezas de BSB! Vou
encontrar com ela!
Dai pensei: A gente, apesar de se dar bem por e-mail, não se
conhece há muito tempo. E se eu falar que quero encontrar com ela e ela achar
que eu sou uma sapata (não tenho nada contra quem é, mas eu não sou) e que tô
dando em cima dela? E se eu falar que quero encontrar com ela e ela não quiser?
Dai eu vou ficar com cara de tacho. E se eu falar que quero encontrar com ela e
ela ficar constrangida de dizer que não quer me conhecer (porque ela é muito
educada, diferente de mim)?
Dai lembrei do amigo que mora em BSB também : Vou falar que
vou pra lá, quem sabe não encontro com ele no aeroporto.
Dai o amigo, que é muito “logístico”, junto com a esposa,
organizaram um jantar no ap novo deles para me receber, com o tempo totalmente
cronometrado, afinal, eram apenas 4 horas.
Fiquei super feliz com o convite, mas eu queria aproveitar
para conhecer a Garrafinha. Nessas alturas vocês devem estar se perguntando por
que eu, que vivo falando que não gosto de gente, encasquetei com a tal da
Garrafinha. Será que foram os lindos olhos dela? Eu respondo: Não. É que quando
eu falo que não gosto de gente, é de gente idiota que eu tô falando. Que é tipo
uns 90% das pessoas que me rodeiam ultimamente. Então quando eu acho uma pessoa
que vale a pena conviver eu realmente dou valor pra isso. É que nosso santo bateu, manja?
Dai que eu chamei. Dai que ela concordou. Dai que chegou o
dia.
Sai das Gerais e cheguei em BSB às 18:00. Fui chegando perto
da saída, curiosa pra ver o rótulo da
Garrafinha (piadinha infame). Segunda
pior coisa do mundo: Encontrar alguém que você não sabe quem é. Porque a gente
já tinha se visto por foto (aliás, a gente gosta muito de tirar foto das
coisas), mas pessoalmente é diferente. Ela num tava lá. Ela avisou que pegou
transito e ia chegar atrasada.
Sentei e fiquei brincando de olhar as pessoas. E passou
tanta gente, mas nenhuma com cara de
Garrafinha. Depois de uns 15 minutos (acho
que foi isso), passou uma menina comprida com ares de apressada, andando bem
rápido. Achei que era ela mas fiquei com medo de sair correndo atrás da pessoa
e ela achar que era um assalto. Porque lá em SP quando alguém vem chegando
muito perto de mim eu trato logo de sair correndo porque provavelmente é um
assalto. E eu não tava afim de ser presa ali no aeroporto de BSB por perseguir ninguém.
Fui andando como quem não quer nada na direção que ela foi,
mas ela já tinha sumido. Ela realmente tava com pressa. E com aquelas pernonas
então, ia rápido mesmo. Fiquei lá com cara de rolha, olhando ao redor e o celular
toca. Era ela. Falei que tava perto da floricultura e de repente vem aquela
menina comprida que passou correndo. Acertei!!! Era a garrafinha. Ela só não
tinha me falado que era uma garrafa pet de 2 litros. Não porque ela seja gorda,
mas ela é alta. E olha que eu geralmente sou a mais alta entre as pessoas com
quem eu convivo. Foi bom ver a vida de um outro modo (de baixo).
E foi MUITO LEGAL conhecer a criaturinha (criaturona) com quem eu falo
todos os dias no msn, que me conta suas aventuras nos ônibus que entram em
combustão espontânea, para quem eu conto sobre os gastos que minhas Tchucas
(cachorrinhas) me dão, com quem eu dou muita risada virtual, com quem eu falo
coisas sérias, de quem ou roubo indicações de blogs para ler, quem escuta
minhas reclamações quando eu estou put@ da vida com alguma coisa...
Ela é fofa e toda bonitona. Muito simpática e muito educada.
Se eu fosse homem eu paqueraria ela. Mas eu não sou e não sou sapata, mesmo que
vocês estejam achando isso agora. Meu noivo é prova viva disso!
Depois que demos meia dúzia de gritinhos super menininhas (Mas
não se engane, nós somos brutas, quase ogras. Ogras de feias? Lógico que não!
Seu idiota! Somos fofas e você provavelmente se apaixonaria por nós. E nós
arrancaríamos sua cabeça. Somos ogras assim!), sentamos, conversamos e trocamos
presentes (eu ganhei uma blusa super fofa e dei um pote de doce de leite –
Lógico! Eu fui pras Gerais. Quem vai pras Gerais e não traz doce de leite
merece a morte).
Presente da Garrafinha. Eu tava com cara de tonta por isso me decapitei.
Depois pegamos o “zebrinha 11”, que até então eu não sabia o
que era e estava no “planejamento logístico” do amigo que eu iria visitar, e
fomos até o metrô, onde nos despedimos.
Jantar na casa do amigo
E pela primeira vez na vida eu fiquei triste porque a
conexão foi de apenas 4 horinhas. Num poderia ter sido de pelo menos umas 8?
Garrafinha, gostei muito de ter conhecido você fora do mundo
de Matrix. Espero em breve voltar à BSB e dai teremos mais tempo para fofocar
ao vivo.
Ah, dois dias depois saiu uma reportagem no Jornal Nacional dizendo que uma menina (de não sei onde) foi
encontrar outra menina, que conheceu na internet, lá em Salvador e apareceu morta. Dai
imagina o que a gente escutou das nossas mães né... =O